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AutoMOTIVO entrevista Flávio Padovan, Presidente da ABEIVA

A cada dia que passa, os veículos importados passam a ter presença mais significativa no mercado brasileiro e, consequentemente, nas lojas de sons e acessórios. Muitos são importados pelas próprias montadoras instaladas no país, como Volkswagen, General Motors, Fiat, Ford e Peugeot, mas uma parte cada dia mais significativa é trazida para o país por empresas que ainda não têm fábricas no país (embora algumas já estejam agindo para passar a produzir no Brasil).

Essas empresas são representadas por uma entidade, a ABEIVA – Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores, que reúne vinte e sete marcas, muitas delas sonhos de consumo de quem curte automóveis: Audi, Bentley, BMW, Changan, Chery, Chrysler, Dodge, Effa Changhe, Effa Hafei, Ferrari, Hafei Motor, Haima, Jac Motors, Jaguar, Jeep, Jinbei Automobile, Kia Motors, Lamborghini, Land Rover, Lifan, Maserati, Mazda, Mini, Porsche, SsangYong, Suzuki e Volvo.

Para entender melhor como é que os players do mercado de importados encaram o mercado de som e acessórios a AutoMOTIVO entrevistou  o presidente da ABEIVA, Flavio Padovan, que também preside a Jaguar Land Rover.

Nessa entrevista exclusiva, Padovan fala da grande preocupação das importadoras com instalações de acessórios que possam comprometer a segurança ou o desempenho dos veículos e revela que o nosso setor é visto com bons olhos pelas marcas importadas e que podem existir muitas oportunidades de negócios para fabricantes e varejistas:

Como é que as associadas da ABEIVA vêm  a personalização com instalação de acessórios e som dos veículos que vendem?
Esse é um negócio como outro qualquer e a ABEIVA não pode ser contra. A comercialização de acessórios é uma atividade que faz parte do setor automotivo. Quanto mais incentivarmos esse tipo de atividade é melhor.

Existe uma política-padrão dos associados da entidade em relação ao nosso mercado?
Não existe uma política-padrão. Cada marca tem a sua estratégia. Há marcas que desenvolvem o seu próprio negócio de acessórios juntamente com a sua rede de concessionários e tem algumas marcas que decidem deixar para o mercado aberto (as lojas de acessórios) cuidar disso.

Existe algum posicionamento da entidade ou das empresas associadas contrário à venda ou instalação de acessórios?
Não.

Existe alguma preocupação das importadoras a esse respeito?
Sim, existe uma preocupação muito grande porque existem bons e maus profissionais em todos os setores e negócios da nossa economia. Então, se o consumidor tiver de fazer alguma coisa, deve ser com gente preparada. Com gente treinada, com mão de obra qualificada, com gente séria. E tem muita gente séria nesse negócio.

Mas existem algumas algumas coisas que o próprio manual do proprietário de cada veículo coloca, como algumas restrições, o que pode ou não fazer  que possa prejudicar o funcionamento normal do veículo.

O consumidor deve ler o manual e seguir as regras, caso contrário ele pode perder a garantia do veículo. Isso é importante e existe essa preocupação sim, principalmente com a segurança, pois alguns equipamentos podem afetar a segurança do veículo.

O veículo teve uma sériede recursos de engenharia empregados no desenvolvimento e produção de veículos que possam garantir a segurança dos usuários, então qualquer coisa que venha ser modificada que possa colocar em risco essa segurança vai causar essa preocupação.

Mas também respeitamos o setor de acessórios e  eu acho que deve existir essa preocupação também de como fazer isso, de forma a garantir que o veículo não vá perder as suas características originais, para que a segurança e o bom comportamento do veículos não sejam afetados.

Existe na sua opinião alguma medida que possa ser tomada pelas importadoras no sentido de ajudar a qualificar a mão de obra das empresas que fazem a personalização dos veículos importados?

A ABEIVA não tem discutido esse assunto específico. Cada marca tem a sua estratégia com relação à venda e instalação de acessórios

. Algumas, até pelo tempo em que estão no país, ainda ainda não desenvecerem o negócio de acessórios, que ainda precisa ser amadurecido, porque na escala de prioridades de implementação de uma marca no mercado você tem de montar uma rede de concessionários para vender, para prestar serviços.

Não estou desmerecendo o negócio, esse é um negócio importantíssimo, até como fonte de resultados das próprias concessionárias.  O negócio de acessórios para os importadores e também para o mercado brasileiro como um todo ainda vai amadurecer muito. Acho que tem muito campo para ser melhorado.

Cada marca tem de fazer a sua lição de casa e definir de que forma pode estabecer parcerias com a rede e com terceiros, para que garanta uma mão de obra qualificada e treinada por alguém, que pode ser a própria rede, que possa garantir a integridade do veículo, ou seja, que não afete a segurança e o bom desempenho.

Você vê como possível uma colaboração entre esses dois setores?
É possível , mas isso vai depender da estratégia de cada empresa.

Alguma das associdas da ABEIVA faz restrições específicas  à instalação de acessórios?
Depende de quais as restrições. Algumas instalações prejudicam o bom funcionamento do carro. Então, o que manda é o manual do proprietário, que informa onde se pode e não se pode mexer. E é isso que as empresas (de acessórios) tem de negociar com os importadores.

Como é que a sua empresa, a Jaguar Land Rover, se posiciona com relação a acessórios?
A empresa está iniciando um trabalho na área de acessórios. Na nossa rede, alguns concessionários já fazem isso, uns com mais destreza e outros com menos, uns com mais conhecimento do setor, outros com menos. Mas esse é um negócio que vai se desenvolver muito tanto na Jaguar quanto na Land Rover.  A Land Rover ainda mais, por conta do volume, que é maior do que o da Jaguar, que atua em um segmento muito específico.
Porém, eu acho que ainda estamos iniciando um trabalho na área de acessórios e queremos avançar cada vez mais. Primeiro porque acho que é um desejo do consumidor de ter o seu carro personalizado, diferenciado ou adaptado ao seu gosto pessoal e segundo porque também é um bom negócio para a empresa em termos de resultados. Por isso, nós já estamos começando (na área) e vamos avançar cada vez mais.

Isso pode implicar em colaboração com empresas especializadas em venda e instalação de acessórios em áreas geográficas em que não haja a presença de concessionários da marca?
Isso vai depender de cada veículo, do que reza o manual do proprietário, que é um reflexo de como ocarro foi projetado e produzido, de como ele deve ser usado e o que se pode e não se pode fazer. Se excluindo o que não se pode, resta o que se pode fazer e isso tem de ser respeitado, senão vai se estar comprometendo o bom funcionamento e principalmente a segurança dos usuários e disso anós não vamos abrir mão.
O que puder ser feito, nós vamos analisar. Não temos uma estratégia pronta, mas podemos analisar. O que não afetar nem o desempenho nem a segurança, nós estamos abertos para conversar.

Existe a possibilidade de a Land Rover e a Jaguar fornecerem um treinamento orientando a respeito da instalação de acessórios em seus veículos?
Não. Como disse antes, nós ainda estamos engatinhando nesse negócio e ainda não sabemos tudo o que vamos fazer. Isso ainda é muito novo para nós e ainda precisamos desenvolver mais esse tipo de negócio, primeiro com a nossa rede de concessionários, que é o caminho natural .
Nós sabemos que hoje só alguns poucos concessionários mexem com acessórios na rede da Land Rover e na Jaguar muito pouco também, então nós precisamos primeiro desenvolver esse negócio.  Esse segmento é muito cru tanto dentro da Land Rover quanto da Jaguar, então existem muitas possibilidades pela frente.

Quem é Flávio Padovan

O atual Presidente da ABEIVA é administrador de empresas e tem vasta experiência no mercado automotivo. Foi Diretor de Operações de Caminhões e Diretor de Serviço ao Cliente da Ford, vice-presidente de Marketing e Vendas da Volkswagen do Brasil e atualmente é Presidente da Jaguar Land Rover para a América Latina e Caribe. Como voluntário, preside a Associação Cruz Verde, entidade filantrópica que cuida de portadores de paralisia cerebral grave.

 

KIA DOMINA O RANKING DA ABEIVA DOS IMPORTADOS MAIS VENDIDOS
O grande aumento nas alíquotas do IPI e a valorização do dólar estão refletidos nos números referentes às vendas nos primeiros quatro meses de 2012 divulgados pela Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (ABEIVA), que registram queda de 9,2% na quantidade de veículos importados vendidos em comparação com o mesmo período do ano passado. No período de janeiro a abril, as marcas importadas pelas empresas associadas à entidade venderam 47.380 unidades emplacadas, contra 52.161 nos primeiros quatro meses de 2011.

Segundo Flávio Padovan, para reverter essa situação a entidade está negociando com o Governo Federal, através do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, a instituição de cotas de importação para as importadoras, com   alíquotas de IPI menores do que as atuais, como forma temporária  de estimular o mercado.

Em abril, a queda nas vendas foi de 12,8% das vendas em comparação com o mês anterior, com 11.917 veículos emplacados contra 13.666 em março.  Na lista dos dez importados mais vendidos, chamam a atenção o domínio da Kia, que emplacou cinco dos seus modelos  e o desempenho de vendas do
Range Rover Evoque, que foi  o nono mais vendido no mês apesar dos R$175 mil cobrados pela versão mais simples do modelo.

O popular Chery QQ ficou no topo da lista dos veículos importados mais vendidos em abril, com 885 unidades, quase empatando com o Jac J3, com 883 unidades. O terceiro mais vendido foi o médio Kia Cerato, que teve 795 unidades vendidas no mês.  A Kia e a Jac Motors foram as duas únicas marcas com dois veículos entre os dez mais vendidos no ranking da ABEIVA.

Texto: Amadeu Castanho Neto     Imagem: Divulgação

 

fabio codellos

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