“O mercado está devagar, anda sem dinheiro”. Você provavelmente já ouviu de alguém esta frase desanimadora. Talvez já a tenha ouvido de mais de uma pessoa. Mas será que o que essa pessoa percebeu é real? Será que não é algo relacionado só àquela empresa?
Se a reclamação proceder, será que é o mercado mesmo ou é apenas um fenômeno localizado? É uma situação que atinge o país inteiro ou só está acontecendo no quintal de quem fez o comentário?
Será que o mercado brasileiro vai parar de crescer, como profetizam alguns? Será que já chegamos a um ponto de saturação e que, de agora em diante, o crescimento será apenas vegetativo, acompanhando talvez apenas o crescimento da população?
Vimos na edição anterior a pujança do crescimento do interior do país, mercado com mais de 94 milhões de habitantes, que tem um Produto Interno Bruto maior do que da Dinamarca e cujos consumidores já respondem por 4 de cada R$10 gastos no país.
Existem muitos modos para chegar a uma conclusão. Diversos indicadores sócio-econômicos e demográficos podem ajudar nesse sentido. Um dos critérios mais usados mundialmente para avaliar a maturidade ou saturação do mercado automotivo de uma cidade, estado ou país é o número de veículos existentes em comparação com o seu número de habitantes.
Taxa de motorização
Quando a análise é feita com foco em municípios e bairros, os dados costumam ser apresentados de duas formas: número de veículos para cada 100 habitantes ou veículos para cada 10 habitantes. Já no caso de países, regiões ou estados, a escala aumenta para número de veículos para cada 1000 habitantes.
Ao ler a palavra bairro na frase anterior você pode ter pensado que é exagero meu. Não é! Um exemplo é a Pesquisa de Mobilidade da Região Metropolitana, feita pelo Metrô de São Paulo, que aponta as taxas de motorização dos bairros da capital paulista.
Segundo o estudo, por exemplo, os bairros de Campo Belo, Itaim Bibi e Moema são os que têm maior taxa, com 5,41 veículos para cada 10 habitantes. Trocando em miúdos, na média de cada dois habitantes desses bairros, um tem veículo próprio.
Vale lembrar que nesses 10 habitantes do estudo existem crianças, jovens sem idade para tirar carteira de habilitação e idosos sem condições de saúde para dirigir. Na outra ponta ficam os bairros de Itaim Paulista, Jardim Helena, São Miguel Paulista, Vila Jacuí e Vila Curuçá, na Zona Leste da cidade, onde a quantidade de veículos por morador se dilui.
Segundo matéria recente da revista Exame, embora a média nacional ainda esteja longe disso, algumas cidades brasileiras têm índices comparáveis aos de muitos países desenvolvidos.
De acordo com a publicação, Curitiba é a cidade brasileira com maior número de veículos por habitante, com 1,8 habitante por veículo. Florianópolis e Belo Horizonte, completam o pódio com cerca de dois habitantes por veículo. Esses índices são próximos aos verificados em países considerados mais desenvolvidos.
Bom ou ruim?
E agora, ter um índice próximo a esses é algo positivo ou negativo? Para o nosso mercado, a resposta é ambas as coisas. Embora seja sinônimo quase certo de problemas de mobilidade urbana, engarrafamentos e falta de espaço para estacionar, sob o ponto de vista de quem produz, importa, distribui, vende e instala equipamentos de som e acessórios automotivos, ter um índice desses é muito bom.
Significa que a maior parte da população da cidade ou região tem poder aquisitivo para se motorizar. E que existe um grande volume de veículos novos e usados para serem equipados (e re-equipados com acessórios mais modernos ou de acordo com o gosto do novo dono do veículo, como venho insistindo).
Além disso, quanto mais veículos houver na região, maior tende a ser o apelo à personalização. Rico, pobre ou remediado, ninguém acha muito bom ter um carro igualzinho ao do vizinho. Ou pior, dos vizinhos, dos amigos, dos colegas de trabalho.
E não é só uma questão de afagar o próprio ego e se diferenciar. Quem já foi de carro a uma feira no enorme centro de exposições do Parque Anhembi já sentiu isso na pele na hora de encontrar o carro na hora de voltar para casa.
O mesmo vale para que já usou o estacionamento de um shopping center e quase perdeu a paciência na hora de achar o seu carro no meio de centenas de outros praticamente idênticos, estacionados quase um do lado do outro.
Nessas horas, cansado de tanto andar no meio daquele mar de veículos prata ou branco que só se consegue diferenciar pelas placas, o consumidor lamenta profundamente as vezes que passou na frente de uma loja de acessórios e resistiu à tentação de diferenciar o seu carro.
Tendência de personalização
Portanto, a tendência nessas cidades e regiões é de que um número muito maior de pessoas tenha veículos do mesmo modelo e cor e deseje tornar o seu diferente do que o vizinho tem. E essa personalização se faz majoritariamente no varejo especializado.
Aí você pode argumentar que, provavelmente, onde há mais carros também haverá maior concorrência no varejo especializado. Sem dúvida, esse é um argumento válido, mas que pode ser muito menos crítico quando se leva em conta o exemplo da região da rua Santa Efigênia, em São Paulo.
Ela é certamente a região com maior concentração de lojas de som automotivo do país, mas também é onde mais se vende alto-falantes, amplificadores e produtos complementares no Brasil. O mesmo vale para a vizinha avenida Duque de Caxias, que há décadas é um importante pólo de venda de acessórios automotivos.
Se isso não servir para convencer, basta o lojista fazer as contas, calculando o número médio de veículos que a sua loja tem capacidade de atender por dia e multiplicando pelo total de dias de funcionamento por mês.
Chegando a esse número, que podemos chamar de potencial de atendimento, basta multiplicar pelo número de lojas especializadas em som e acessórios da sua cidade para chegar ao total potencial de personalizações do mercado em que atua.
Com certeza absoluta esse número será bem inferior ao de veículos novos emplacados por mês na mesma área geográfica. Ou seja, existe um grande número de consumidores com carro para personalizar.
E isso só levando em conta os veículos zero quilometro, sejam carros, veículos comerciais leves ou caminhões. Se forem levados em conta os usados que trocam de mão todo mês o mercado se multiplica por três, no mínimo.
Como conquistar o consumidor?
Portanto, pode ficar tranqüilo, pois mercado existe. A questão é encontrar a fórmula para conquistá-lo, conseguir controlar a ânsia de tentar aumentar a margem a cada venda e fazer um trabalho de formiguinha, constante, organizado, persistente.
Quem sabe o caminho seja partindo para parcerias com revendas autorizadas. Ou talvez com lojas de veículos usados, oferecendo descontos e/ou comissões. Ou ainda partindo para uma publicidade agressiva porta-a-porta, nos veículos parados na ruas mais movimentadas, nos arredores de faculdades e universidades ou talvez até em estacionamentos de estádios.
Ou talvez ainda fazendo parcerias com grêmios, clubes e associações de funcionários de empresas. A hoje poderosa e onipresente agência de turismo CVC começou assim, vendendo nas fábricas viagens em ônibus fretados. Se deu certo com ela, pode também funcionar com som e acessórios.
Texto: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Divulgação
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