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Alguns números que vale a pena examinar

Alguns números que vale a pena examinar

O que não falta no mercado automotivo são números e estatísticas. Mensalmente as associações que representam fabricantes, revendas autorizadas e lojas de usados, divulgam relatórios com os números registrados no mês anterior.

Além desses, ainda há os relatórios de diversas consultorias e os números divulgados pelas entidades representativas das locadoras e das financeiras, entre outros. Examinar todos eles a cada começo de mês é um exercício muito interessante.

A questão é que são tantas informações, números e gráficos que fica difícil filtrar aqueles que são importantes para o seu negócio, principalmente no caso do mercado de equipamentos de som e acessórios automotivos.

Se existe uma característica marcante do nosso mercado é justamente a quase absoluta falta de dados que permitam orientar o planejamento estratégico das empresas e a tomada de decisões. Então, é preciso analisar os números divulgados pelas grandes entidades e encontrar aqueles que são importantes por se refletirem no mercado de som e acessórios.

Cientes dessa carência, temos tentando contribuir, trazendo a cada mês matérias que exploram números e estudos de diferentes fontes, pinçando, processando e analisando os dados que possam interessar para fabricantes, importadores, distribuidores, representantes e varejistas de equipamentos de som e acessórios automotivos.

Por exemplo, a análise dos relatórios de emplacamentos divulgados pela ANFAVEA e pela FENABRAVE, entidades que representam montadoras e seus concessionários autorizados, permite que se chegue a algumas conclusões interessantes.

Mercado concentrado

Concentração do mercado automotivo no Brasil – dez marcas ficam com quase 94% do total – Fonte: FENABRAVE

Quarto maior mercado automotivo do mundo de acordo com a empresa de consultoria internacional Jato Dynamics, o Brasil tem mais de 50 marcas e submarcas disputando a preferência dos consumidores.

No entanto o mercado brasileiro é marcadamente concentrado, no qual só 12 dessas marcas têm uma participação igual ou maior que 1% dos emplacamentos. As dez primeiras colocadas no ranking respondem por 93,83% dos 3.328.716 carros e veículos comerciais leves 0km que saíram das concessionárias em 2014, num total de 3.123.000 veículos.

Dessas montadoras, apenas três ficam com a parte do leão, a Fiat, a General Motors e a Volkswagen, as primeiras do ranking, também conhecidas como “as três grandes”. Juntas, elas respondem por mais da metade (55,68%) dos veículos emplacados no País. A líder Fiat abocanha 20,97%, a General Motors tem uma fatia de 17,39% e a Volkswagen fica com 17,32%.

Cinco outras montadoras vêm em seguida no ranking, respondendo por 33.52% dos veículos novos vendidos: a Ford, com 9,26% do total; a Renault, que tem uma fatia de 7,13%; a Hyundai, com 7,12%; a Toyota, com 5,87% e a Honda, com 4,14% de participação no total de vendas.

Só as oito primeiras do ranking respondem por 89,2% do total de carros e veículos comerciais leves 0km emplacados no País no ano passado. Somando as participações das quatro outras montadoras com fatia superior a 1% das vendas – a Nissan, com 2,17%; a Mitsubishi, com 1,78%; a Citroën, que tem 1,62% e a Peugeot, com 1,22% – a soma chega a 96,52% das vendas.

Trocando em miúdos, todas as demais são obrigadas a se contentar com menos de 3,5% do mercado, ou 205.716 veículos. Pode parecer muito pouco, mas é um volume maior do que o de todos os 183.913 veículos novos vendidos no Peru no mesmo período, por exemplo.

Escolhendo onde focar

Fonte: FENABRAVE

Isso quer dizer que não vale a pena ter produtos para modelos de uma marca que não esteja entre as dez mais? Não necessariamente. Em primeiro lugar, ter uma participação menor não significa necessariamente vender poucos veículos.

O mercado brasileiro é tão grande que mesmo uma participação pequena no total do bolo pode significar uma fatia de bom tamanho para o apetite de muitas empresas, notadamente as importadoras.

Ao mesmo tempo, provavelmente você vai encontrar nas tabelas ao lado uma marca com participação menos relevante no geral mas que vendeu muitos exemplares de um ou dois modelos, por exemplo.

É bom lembrar que as líderes de mercado, além de modelos bons de venda, têm um leque de produtos bem amplo e uma extensa rede de concessionárias autorizadas. Dependendo do produto, pode ser que a oportunidade para o seu produto esteja em um veículo de nicho e não em um de massa.

Por último, uma marca com participação menor tende a atrair menor atenção da concorrência. Já as “top ten”, o “filé mignon” do mercado, atraem muita atenção e muitas empresas oferecem produtos para os seus veículos.

Com maior concorrência, a tendência é de haver forte pressão sobre os preços dos acessórios e, consequentemente, sobre a margem de lucro. Em um nicho de mercado, isso é menos provável.

Pick-ups, SUVs e sofisticados

fonte: FENABRAVE

É o caso dos produtos para pick-ups e SUVs, certo? Nada disso! Confira a tabela dos 50 veículos mais vendidos em 2014: há oito pick-ups entre os 50 bons de venda e a terceira colocada é a Strada, que vendeu 153 mil unidades!

A Saveiro vendeu mais de 83 mil, a S10 mais de 50 mil, a Hilux 43 mil, a Montana mais de 35 mil, a Ranger passou dos 24 mil, a L200 quase 21 mil e a Amarok, quase 18 mil.

E os SUVs não fizeram feio também: o EcoSport vendeu mais de 54 mil unidades, o Duster quase 49 mil, o Tucson mais de 18 mil, o iX 35 mais de 15 mil e o Pajero quase 15 mil. Cinco dos 50 mais vendidos são SUVs. Na contramão do mercado, o segmento dos comerciais leves, onde estão pick-ups e SUVs, foi o único que cresceu em 2014.

Agora responda sem olhar nas tabelas: qual marca mais sofisticada vende mais no Brasil? BMW, Audi, Land Rover ou Mercedes-Benz? Se você apostou na Audi, perdeu. A Mercedes é a 14ª marca mais vendida, deixa todas as demais para trás e, com 15.604 veículos vendidos em 2014 vende mais de 3.200 veículos de passageiros a mais do que a Audi.

Dentro da lista dos 50 mais vendidos há alguns modelos cujo desempenho de vendas merece atenção. É o caso do Renault Logan, que dobrou o volume de emplacamentos depois de ser repaginado e do Nissan Sentra, que também dobrou as vendas depois de remodelado. Outros que desencantaram foram o Ford Focus, que mais que dobrou as vendas e o Fiat Fiorino, que cresceu mais de 90% de um ano para outro.

Você já conhecia todos esses números e detalhes? Agora que conhece, como é que vai usá-los?

 

Texto: Amadeu Castanho Neto

Ilustrações: Divulgação e Equipe AutoMOTIVO

fabio codellos

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