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Ampliando o foco: tamanho do mercado continua a crescer

Como costumam dizer os analistas de futebol “é preciso analisar o retrospecto do time e não só olhar o resultado da partida”. Eles também dizem que “empate não é derrota”. O mercado automotivo brasileiro bem que pode usar essa analogia com o futebol.

Uma olhada rápida para os números da indústria automotiva brasileira até o final da primeira quinzena de outubro pode dar a impressão de que o mercado não vai bem. Afinal, os sucessivos crescimentos em vendas parecem ter tirado férias (ou se aposentado, como insistem os mais pessimistas), embora a produção das montadoras continue a crescer, graças a uma retomada nas exportações.

Antes que você embarque no bonde dos pessimistas, proponho um olhar mais amplo, fazendo uso mais uma vez da analogia com o “esporte das multidões”, o futebol: em vez de olharmos só o resultado da última partida, vamos olhar para o campeonato como um todo.

Se analisarmos os números de emplacamentos de veículos novos, veremos que, embora as quebras de recorde mensais tenham saído de cena, o volume de vendas de automóveis e veículos comerciais leves novos continua bem e muito expressivo.

Afinal, até o final de setembro já foram emplacados mais de dois milhões e seiscentos mil veículos zero (exatos 2.637.982) nessas duas categorias. Como outubro promete fechar com um número superior aos 300 mil veículos emplacados, já em novembro devemos atingir a marca mais de três milhões de novas unidades nas ruas para serem personalizadas e equipadas.

Incluindo os resultados dos últimos meses do ano, a previsão da Fenabrave é de que esse número supere os 3,6 milhões de unidades, com crescimento por volta de 1% sobre o resultado registrado no último ano, quando foram emplacados 3.634.421 novos veículos.

Enorme mercado potencial

Também convém observar o mercado de veículos usados, que já movimentou mais de sete milhões de automóveis e comerciais leves este ano. Segundo dados da Fenabrave baseados nos registros do RENAVAN, até o final de setembro 6.935.044 seminovos e usados dessas duas categorias mudaram de dono. A média é de 2,7 usados vendidos para cada veículo zero quilometro emplacado.

Somados, novos e usados somaram 9.573.023 vendas nos nove primeiros meses do ano de 2013. Considerando que tanto os donos dos zero quilometro quanto os dos seminovos e usados são consumidores em potencial de equipamentos de som e acessórios automotivos, existem muitas razões para continuar acreditando no mercado.

Segundo números do DENATRAN, até o final de março deste ano a frota nacional somava mais de 50 milhões de veículos nas categorias automóveis, caminhonetes, camionetas (?) e utilitários. Se somarmos os 1.850.700 automóveis e comerciais leves zero quilometro que foram emplacados de abril até o final de setembro, chegaremos a um total superior a 53 milhões de veículos nas ruas.

Seria ótimo que cada um deles, do mesmo modo que precisa renovar o licenciamento a cada ano, também precisasse dar uma parada num varejista de som e acessórios, mas é preciso concordar que o tamanho do mercado potencial é imenso, já que todo veículo tem potencial para ser personalizado e equipado.

Um exame mais de perto

Olhando os números mais recentes dos emplacamentos de veículos novos, é possível verificar algumas tendências que devem ser considerados na hora de lançar novos produtos ou, no caso dos lojistas de acessórios, atualizar o estoque: o New Fiesta Hatch vem vendendo bem e foi o quinto veículo mais vendido em setembro, tendência que deve se manter, já que na primeira quinzena de outubro o modelo ficou no segundo lugar da lista.

A lista dos dez mais vendidos do mês é completada pelo líder isolado, o Gol, seguido por uma trinca da Fiat (Uno, Palio e Strada), pelo Fox e pelo Ônix, pelo Sandero e pelo HB20. Essa relação não deve apresentar grandes alterações nos próximos meses, exceto talvez por trocas de posições, como no caso do HB20, que, apesar de ser mais caro, está encostado no Sandero.

De qualquer modo, nas vendas acumuladas, o HB20 está na frente do Sandero, que ainda se ressente bastante da paralisação para ampliação da linha de produção da fábrica da Renault no começo do ano. Embora nessa lista o Fiesta ocupe a quinta posição, é preciso lembrar que esse resultado ainda considera números do modelo antigo.

No que diz respeito aos comerciais leves, EcoSport e Duster continuam entre os cinco mais vendidos, os únicos SUVs em uma lista completada por pick-ups leves e médias e pela solitária Kombi, que se despede do mercado.

Oportunidades de mercado

Como palpite, vale examinar com cuidado as oportunidades no mercado de caminhões e de motocicletas, dois segmentos que voltaram a crescer. O emplacamento de caminhões registrou até agora um aumento de 15,81% sobre o do último ano, enquanto as motos só cresceram 2,17%, mas têm um volume de produção significativamente maior.

Pelo lado dos caminhões, é um mercado em transformação, com a entrada de um número significativo de caminhoneiros mais jovens, que tendem a querer replicar nos seus veículos pesados os mesmos itens de conforto e personalização que eles ou seus familiares e vizinhos têm nos automóveis.

É o caso de equipamentos de multimídia, ar condicionado, películas de vidros, acionadores de vidros elétricos, rodas de liga leve, faixas e, claro, alarmes, rastreadores e bloqueadores, além de outros mais específicos, como ar condicionado e geladeiras. Convém observar que o número de lojas especializadas nesse segmento é bastante baixo.

Já pelo das motos, a instalação de acessórios de segurança como alarmes, rastreadores e bloqueadores se tornam cada vez mais obrigatória. Vale notar que esse mercado vem sendo sustentado pelo crescimento nas vendas dos modelos médios e grandes, de maior valor, que tornam o uso de equipamentos de segurança ainda mais recomendado, embora no caso das mais baratas, que dependem majoritariamente de financiamento, esses itens também possam ser muito relevantes.

 

Por Amadeu Castanho Neto

fabio codellos

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