Imagine o conjunto de dados que a sua empresa tem sobre os seus clientes, como cadastro financeiro, sócios, histórico de compras detalhado, devoluções, reclamações e daí por diante. Faça de conta que vai anotar tudo isso num caderno, informação por informação. Provavelmente, você vai chegar à conclusão de que vai ter de fazer muito trabalho! Mesmo considerando que esses dados estejam em um computador, devidamente compilados e planilhados, vão ser muitas informações para cruzar e analisar.
Agora imagine que você vá juntar a essas outras informações, por exemplo, os dados do IBGE sobre população de cada cidade, renda média, faixa etária dos moradores, distribuição da população entre a zona urbana e a zona rural, etc.
Indo mais longe, pense em agregar informações sobre os sites e perfis de mídias sociais mantidos pelos seus clientes. E para completar, junte os dados do Denatran sobre quantidade, tipo, marca, modelo e ano de fabricação da frota em cada um dos municípios onde a sua empresa tem clientes.
O imenso volume de dados dessas fontes é o que podemos chamar de Big Data: um mega volume de dados, cuja análise provavelmente vai revelar informações muito interessantes e que podem indicar excelentes oportunidades de negócios.
Informação é poder
Como se costuma dizer, “informação é poder”. No caso do Big Data, informação processada rapidamente e – principalmente – bem analisada é caminho certo para identificar problemas e oportunidades, desenvolver novas estratégias de conquista de mercado, apontar deficiências da concorrência, reduzir custos, aprimorar sua linha de produtos e daí por diante.
Por exemplo, aquele cliente que só compra acessórios para carros, apesar de estar localizado numa cidade onde o número de pick-ups quase supera o de carros. Ou o fato de aquela cidade onde a taxa de natalidade é muito alta não ter uma loja de artigos de bebê, sugerindo uma oportunidade para venda de cadeirinhas nas lojas de acessórios.
Os dados utilizados para cruzamento podem ser públicos ou privados, como no caso de relatórios do IBGE e do Denatran e aqueles contidos na base de dados do sistema de faturamento ou CRM da sua empresa. Ou ainda, os comercializados por certas empresas, como os gerados pelos GPS dos veículos ou dos celulares.
De modo geral, constituem um número enorme de informações, que costuma crescer de forma muito rápida. Estudos internacionais apontam que o volume de informações das mesmas bases de dados costuma dobrar a cada 18 meses!
De acordo com a multinacional IBM, empresas e pessoas geram um número incontável de informações diariamente, o que torna cada vez mais difícil armazenar, analisar e utilizar esses grandes conjuntos de dados.
De uma forma bem resumida, podemos simplificar o conceito de Big Data dizendo que é a ferramenta que permite o processamento rápido e a análise de grandes volumes de dados, fornecendo subsídios para a tomada racional de decisões.
Em função do enorme volume de dados a ser processado, muitas vezes o processamento de Big Data exige o uso de computadores mais parrudos, dimensionados para serviço pesado, e programas adequados. Ou, então, redes virtuais (computação em nuvem) ou físicas de computadores.
Eles são capazes de fazer em horas, ou até mesmo em minutos, o cruzamento de informações complexas que exigiriam muitas horas, ou até dias, de computadores com menor poder de processamento (como os que costumamos usar no nosso dia-a-dia), ou que os fariam travar.
Como no cinema
O cinema é um bom exemplo de uso de Big Data: você provavelmente já deve ter visto em algum filme de aventura alguém tentar localizar e depois passar a seguir uma pessoa ou um veículo usando sofisticados programas de computadores.
Com os dados biométricos da pessoa (medidas do rosto, altura ,etc.), impressões digitais, número de seus documentos ou cartões de crédito ou, ainda, chapa e características do veículo usado, os bandidos (ou mocinhos, conforme o filme) conseguem cruzar dados de diversas fontes para tentar localizar quem procuram.
Aí vale tudo, de câmeras de fiscalização de trânsito a registros de despesas feitas com cartão de crédito, de imagens de câmeras de celulares e ligações feitas por eles, de câmeras de segurança de bancos ou caixas eletrônicos a imagens de segurança de corredores de aeroportos e estádios, passando por listas de passageiros de companhias aéreas, multas emitidas e boletins de ocorrência, entre outros.
Embora os filmes sejam de ficção, esse tipo de uso é real e um bom exemplo de Big Data. Há vários anos, principalmente depois dos atentados terroristas ocorridos na Europa e nos Estados Unidos, esse tipo de cruzamento e análise de dados é feito permanentemente e em tempo real em aeroportos, estações de trem, estações de metrô e pontos de aglomeração de pessoas.
Grandes eventos esportivos, como jogos de futebol ou as Olimpíadas, merecem o mesmo tipo de cuidado em países do primeiro mundo, e até mesmo o Brasil já conta com equipamentos que permitem identificar pessoas potencialmente perigosas, comparando bases de dados de terroristas e arruaceiros com imagens colhidas em tempo real dos acessos de público e arquibancadas.
No entanto, o uso do Big Data nem sempre é ficção ou pode gerar só resultados positivos para a sua empresa. No Brasil, os governos federal, dos estados e até dos municípios estão desenvolvendo e contratando aplicações de Big Data para ajudar a para combater a sonegação e fraudes.
Elas permitem cruzar e analisar informações digitais das mais diversas fontes, inclusive entre as geradas por órgãos diversos do mesmo estado, ou por governos de estados diferentes, ou mesmo do governo federal e o de um estado.
Como você já deve ter percebido, cada vez mais a sua empresa é obrigada a entregar ao governo federal e ao de seu estado declarações e relatórios fiscais em formato eletrônico. Eles podem ser facilmente cruzados entre si e com os de outras empresas.
Outros dados também podem ser gerados pelos postos das Secretarias da Fazenda nas fronteiras estaduais em estradas importantes, por exemplo.
Entre outras informações que podem ser utilizadas e cruzadas estão consumo de energia, gastos com telefonia, compras de matérias-primas, vendas e transporte de mercadorias, recolhimento do IPVA das frotas e até sua passagem por postos de pedágio. Além disso, alguns deles podem agregar informações eletrônicas disponíveis na Internet, como perfis em mídias sociais como o Facebook e publicações em blogs e sites.
Com o auxílio de programas de Big Data, o poder público passa a ser capaz de conseguir detectar de maneira rápida e fácil inconsistências nos dados informados pelas empresas e a fazer cruzamentos entre os dados que elas enviam e os informados pelos seus fornecedores, prestadores de serviços e clientes.
Estado serve de exemplo
Com isso, só a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul espera agregar R$ 1 bilhão a mais à arrecadação anual de ICMS a partir de 2018, o equivalente a 3,7% da receita esperada com esse tributo para 2015.
Segundo o Subsecretário da Fazenda do Estado, Mário Luis Wunderlich dos Santos, a ferramenta permite analisar em segundos informações que antes exigiam horas ou dias: “Uma análise de determinado setor, será concluída em meia hora”.
De acordo com ele, o governo gaúcho já faz o acompanhamento sistemático de 55 setores da economia para detectar anomalias na arrecadação entre empresas da mesma cadeia produtiva e o Big Data permitirá identificar alterações de padrões e fraudes de maneira precoce.
Nessas 55 “malhas fiscais” estão lançadas bilhões de informações: são mais de 8,5 bilhões de registros de NF-e (Notas Fiscais Eletrônicas), mais de 26 bilhões de registros de EFD (Escrita Fiscal Digital) e mais de 4,5 bilhões de transações com cartão de crédito e débito, entre outras.
Cruzando informações de diversas bases de dados a que tem acesso, o Estado terá condições de estabelecer um perfil mais preciso da movimentação de cargas e na venda de serviços, tanto nas relações internas como interestaduais.
Outros 13 estados brasileiros se utilizam atualmente da “plataformdiretor-a” da Receita gaúcha na emissão e validação de Notas Fiscais Eletrônicas e todos os 27 estados do País operacionalizam o MDF-e (Manifesto de Documentos Fiscais Eletrônicos) no que se convencionou chamar de Sefaz-Virtual do RS.
Além do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco e o Distrito Federal também estão utilizando plataformas de Big Data, enquanto que outros estados estão implantando, negociando ou estudando a sua implantação.
O lado bom e o lado ruim
Em resumo: cada vez mais, o Governo está investindo em ferramentas modernas que lhe permite saber tudo o que a sua empresa faz. Isso tem um lado positivo, que é detectar com antecedência problemas em determinados setores econômicos ou regiões, entre outras informações uteis para a gestão governamental.
E, é claro, existe também o lado negativo, que deverá ser sentido principalmente pelas as empresas acostumadas a ganhar mercado com práticas como venda e compra sem nota ou meia nota, entre outros tipos de fraudes e técnicas de sonegação.
A cada dia fica cada vez mais fácil “puxar o fio da meada” a partir de uma empresa menor, com menos estrutura para acobertar operações fora da lei, e chegar aos seus fornecedores e, depois, às empresas que fornecem para eles.
Nem mesmo as pessoas físicas estão livres do uso do Big Data, lembra Adão Lopes, CEO da Varitus Brasil, empresa que se especializou na emissão, guarda, captura e verificação de documentos eletrônicos, permitindo que todos sejam exibidos em uma única tela de computador para consulta e entrega ao Fisco sempre que necessário.
Segundo ele, a Receita Federal já está usando a plataforma de Big Data dela para cruzar dados das declarações de Imposto de Renda de pessoas físicas com perfis dos cidadãos em serviços de mídia social, como o Facebook.
Quem declara para o Governo que não tem renda ou patrimônio mas vive postando fotos de seus veículos, refeições em restaurantes badalados, passeios e viagens, pode acabar caindo na malha fina, reforça.
No caso do mercado de equipamentos de som e acessórios automotivos, o uso de plataformas de Big Data pelo Governo não deve ter impacto negativo. Considerando que, com o tempo e a melhoria na fiscalização, tendem a ser eliminadas a maioria das práticas que acabam gerando problemas concorrenciais, a perspectiva é bastante positiva. Resta esperar que o processo avance e em breve todos possam jogar pelas mesmas regras.
Texto: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Divulgação
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