Gás natural russo abastece cadeias de produção que atendem toda a Europa e metais usados para produzir na China devem ficar mais caros
Ainda em meio à pandemia global do coronavírus mais um inimigo invisível ameaça a cadeia global de produção que pode provocar uma nova onda de inflação e dificuldades para o setor de eletrônicos, incluindo som e acessórios: a crise entre a Rússia e a Ucrânia. Uma possível invasão dos russos ao território ucraniano traria diversos prejuízos para a economia global. Mas como um conflito local poderia impactar a nossa atividade? A revista AutoMOTIVO ouviu profissionais de economia que analisam este tema e a ameaça crescente pode ter resultados desastrosos.
Além das grandes fontes de petróleo e gás natural que abastecem sobretudo o mercado europeu, os russos são grandes produtores de metais muito usados na produção de eletrônicos como alumínio, cobre e níquel. “Em caso de um conflito entre os dois países, os Estados Unidos prometem aplicar sanções econômicas na região o que resultaria em preços mais altos pela dificuldade de fornecimento. Isso poderia encarecer os preços na Europa o que traria resultados de inflação em escala global. No caso da China que compra metais da Rússia e de alguns países do Brasil, um conflito significa alta dos preços de imediato o que pode encarecer toda a produção de itens eletrônicos por exemplo”, diz o economista Darci Ferreira, que alerta para uma escalada da crise com impactos fortes e negativos primeiro na Europa mas com resultados globais. “Todo o leste Europeu consome gás vindo da Rússia e é um grande produtor de automóveis, eletrônicos, alimentos e como sabemos a energia chegou a triplicar de preço em países como a Inglaterra. Mesmo se o conflito não evoluir mas se mantiver com ânimos exaltados leva a especulação e preços mais altos”, completa.
Conflito não deve evoluir, diz especialista
Apesar da crise momentânea diversos especialistas afirmam que não há sinais de que a Rússia entre em uma guerra com um país vizinho que mantém os costumes da época da União Soviética. Graduados no tema afirmam que a própria Rússia quer apenas “mostrar que mantém poder na região”.
Em meio à grandeza da China e o poder mantido pelos Estados Unidos, a Rússia só quer mostrar que segue no jogo da economia global. “Putin está conseguindo mostrar que, apesar de a União Soviética não existir mais, de ter perdido o controle sobre os países do Leste Europeu, a Rússia continua sendo uma grande potência, inclusive mantendo intacto o seu arsenal nuclear”, analisa Antônio Barbosa, da Universidade de Brasília, à agência Brasil.
Combustíveis mais caros afetam todo o setor
O preço do barril de petróleo é o mais alto em sete anos. Enquanto a Opep reduz a produção para controlar e manter o preço em alta, o conflito entre a Rússia e a Ucrânica vai ajudar a elevar o preço dos combustíveis.
O FMI emitiu um alerta no fim de janeiro sobre os impactos do conflito. O Fundo Monetário Internacional avaliou que a inflação global pode se prolongar por um período mais longo devido à escassez de petróleo e gás da Rússia. Vale lembrar que só no Brasil a Petrobras avalia que a alta dos preços pode elevar o preço da gasolina no país em mais 10% neste ano, após uma alta acumulada de 60% ao longo da pandemia.
Mas qual o resultado de tudo isso? Certamente manter o carro ficará mais caro neste ano. E para o setor produtivo, importadores e fabricantes, os insumos devem continuar subindo de preço por fatores externos em 2022. Dólar alto, escassez de produtos e restrições logísticas seguirão atuando como fatores decisivos que impactam a atividade do setor automotivo em vários níveis.
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