Diz o conhecido ditado popular que em time que está ganhando não se mexe. No entanto, na realidade das empresas, a boa administração exige atenção permanente aos custos, aos processos, à eficiência e às oportunidades do mercado. Foi o que fez a Eros Alto Falantes, uma das mais reputadas fabricantes de alto falantes automotivos do Brasil. Desde meados de 2015, foram feitas mudanças na gestão que resultaram na presença diária do fundador da empresa, Renato S. Silva e de seu filho Raul Del Trejo, diretor do grupo Renaer, que até então se dedicavam mais ao grupo como um todo.
Isso fez que fossem implementadas diversas mudanças e que os funcionários diretamente envolvidos nas múltiplas atividades da empresa pudessem passar a sugerir melhorias e até novos produtos, resultando em ganhos significativos nos mais diversos aspectos.
Outro reflexo foi o aumento do número de lançamentos: enquanto em 2015 foi lançado apenas um produto novo, em 2016 foram lançados nove, sem contar a nova linha de alto-falantes para som “voltado para dentro” lançada no segundo semestre.
Para conhecer de perto as mudanças que estão acontecendo na Eros e tornando-a ainda mais competitiva, a equipe da AutoMOTIVO fez questão de visitar a empresa, onde foi recebida pelos diretores Renato S. Silva e Raul Del Trejo e pelo gerente comercial Oliveira, que nos concederam uma longa entrevista e foram nossos guias numa detalhada visita pelas instalações de todo o grupo.
2016 positivo
Segundo a diretoria da Eros, o último quadrimestre de 2016 foi muito positivo, com pedidos em carteira que absorveram a produção até janeiro. No tradicional evento anual de vendas, que reúne os melhores clientes de todo o Brasil e que, em 2016, foi realizado em Foz do Iguaçu, as vendas superaram em 50% as da edição de 2015 e foram superiores à capacidade de produção.
Como resumiu o gerente de vendas da empresa, “estamos administrando um problema bom, que é o excesso de pedidos”. Para dar conta desse volume, a fábrica teve de funcionar se segunda a sábado as 7h00 às 19h00. A parte de usinagem vai mais longe e opera 24 horas por dia. “Vivemos hoje um momento ímpar, que é uma carteira de pedidos além da nossa capacidade de entrega. Enquanto há empresas que estão dispensando funcionários, a Eros está contratando”, comentou Raul Del Trejo.
Apesar disso, ele faz questão de afirmar que a direção da empresa mantém os pés no chão. “A nossa preocupação foi saber como fazer para atender isso. Nós preferimos acreditar e investir para garantir um crescimento saudável. Nos mantemos sempre antenados e preparados para, na hora certa, dar o passo certo”.
“Hoje enxergamos que já passou o ‘fundo do poço’, aquele cenário de retração, de julho para agosto, difícil para lojistas e distribuidores, cheio de dúvidas sobre o que iria acontecer. E agora o mercado voltou a andar. Isso não significa que ele já esteja bom, mas que parou de piorar. Para ficar bom ele vai ter que melhorar muito”, resumiu. Um dos problemas enfrentados pela empresa é a falta de insumos no mercado, como no caso do ferrite. Outro é a lentidão com que alguns fornecedores reagem a aumentos de demanda.
Segundo Raul, a empresa vê este ano de maneira positiva. “Temos a perspectiva de um 2017 bom, com o dólar estável. Para o mercado, o ruim é a oscilação exagerada do dólar. Já convivemos com o dólar a R$1; 1,50; 2; 3; 3,50; 4; 4,50… Ele estando estável, conseguimos trabalhar. O que é difícil é a situação da indústria nacional com os insumos”, revelou.
A Eros tem bastantes novidades reservadas para 2017 e que serão reveladas oportunamente. Prevendo um 2017 mais aquecido, a empresa está investindo em melhorias nas linhas de produção e no aumento da estrutura industrial. Seu parque de tornos CNC foi ampliado de quatorze para dezesseis unidades e com mais uma mesa de corte a plasma.
Diferencial no DNA
A Eros é uma das empresas do Grupo Renaer, especializado em música, que além da Eros abrange as empresas Staner, Sonotec, Musimax, STCom e Audiotech, todas sediadas em Presidente Prudente, cidade no extremo oeste do estado de São Paulo.
Criada em 1982 para fornecer alto-falantes diferenciados, que atendessem aos requisitos de timbre e qualidade sonora da Staner, afamada fabricante de amplificadores musicais e caixas acústicas, a Eros nasceu como um departamento da empresa mãe, ocupando uma pequena área da fábrica da empresa, então a única usuária dos alto-falantes que produzia.
Sem encontrar produtos que atendessem às suas especificações, a Staner começou a pesquisar como fazer alto-falantes com um som diferenciado, com um timbre próprio, não encontrado nos produtos que existiam no mercado. “É o alto-falante que vai dar o timbre próprio ao som. Todos os falantes influem no resultado”, justifica o fundador da Staner e da Eros, Sr. Renato Silva.
“Não conseguíamos fornecedores que entregassem um produto como desejávamos, daí o interesse em desenvolver nossos próprios alto-falantes. Eles foram desenvolvidos com rapidez e o mercado notou esse diferencial. Os nossos clientes da época começaram a pedir que nós vendêssemos o alto-falante que a gente usava”, continua.
“Essa pressão foi aumentando até que concluímos que teríamos de montar uma fábrica de alto-falantes com uma marca diferente da Staner para vender esses falantes que o mercado demandava. Foi então que nasceu a Eros como empresa independente”, conclui.
“A Eros nasceu a partir da demanda por um produto de alta qualidade, sem distorção do som, que atendesse o nível de exigência do mercado profissional, mas também pudesse ser usado no mercado de som automotivo. É o refinamento do áudio profissional trazido para o som automotivo. Até hoje esses diferenciais continuam sendo mantidos. Aliados ao capricho e à responsabilidade que a marca carrega, eles se tornaram uma regra da empresa. Quando fazermos alguma coisa, tem de ser bem feita”, complementa Raul.
Visão de som automotivo
Segundo ele, esse foi o grande diferencial que a Eros introduziu no mercado de som automotivo um produto com características do áudio profissional, oferecendo algo que ainda não existia no Brasil. “Não adianta ter pressão sonora, com potência, mas com falhas na definição. Essa é uma das chaves para o sucesso da Eros no mercado de som automotivo”, resume.
Raul explica que outra chave é o fato de a Eros ser fabricante, não uma montadora que coloca no mercado produtos com sua marca: “são poucas empresas no mercado que têm o domínio sobre o processo de fabricação, que têm capacidade de produzir um alto-falante da maneira que desejam ou almejando um resultado especifico”.
E revela: “Nosso foco são sobre os componentes que vão fazer diferença, que não são commodities. A empresa faz a formatação e isolamento dos próprios fios, por exemplo. Não compramos bobina de ninguém, fabricamos. Nós cuidamos de todo o desenvolvimento e fazemos aquilo que for necessário para obter o resultado desejado. Desde o início, tem sido assim. A Eros sempre buscando introduzir novidades e melhorias”. “Nós ditamos o norte”, complementa o fundador da empresa.Raul explica que o chamado “pancadão”, que praticamente não existia até então, foi muito desenvolvido pela Eros e cresceu junto com ela. “Uma das razões de a Eros estar hoje na crista dessa onda se deve a ter nascido junto com ela, acompanhando e ajudando a construir tudo isso. Embora seja bom, essa posição implica num peso, pois a responsabilidade é muito grande”, ele detalha.
“Isso nos obriga a investir na busca da tecnologia, do algo a mais, do diferencial de resultado, mas também em melhorias de produtividade, custos de produção, processos, para nos mantermos nessa posição mantendo a competitividade, sem jamais abrir mão da característica de ser uma empresa 100% legal. Nosso grande desafio é continuar crescendo sem abrir mão dos princípios que sempre nortearam a empresa”, explica.
Pancadão X som “para dentro”
Segundo o executivo, existe uma tendência de uma volta do som interno. “Esse é um nicho de mercado que a Eros explorava pouco e que agora vai passar a trabalhar mais. Mas isso não significa que Eros vai mudar o seu foco: o som para fora continua sendo muito importante, mas precisa ser devidamente regulamentado e o som interno vai receber mais atenção”, esclarece.
Raul faz questão de dizer que considera a proibição do som automotivo no Brasil um retrocesso. “É um passo para trás! O que precisamos são normas claras e com especificações técnicas, com embasamento técnico. O conceito do que é som alto é muito relativo”, ele afirma. Por isso a empresa está junto à ANAFIMA numa frente de trabalho para que o som “para fora” seja regulamentado e não proibido.
Visão comercial
A diretoria da empresa faz questão de destacar que a Eros é uma empresa “100% legal”, que só vende com nota e tem uma política comercial sólida, que é seguida à risca. Segundo Raul Del Trejo, “a Eros respeita a cadeia comercial e nossos clientes estão cientes disso. Não vende direto, não atravessa venda, respeita a sua política comercial, com atitudes claras, equilibradas, na qual o distribuidor pode confiar”.
“Nossos clientes sabem que, se hoje compram um produto nosso por X, eles jamais vão encontrar esse produto amanhã por meio X. Percebemos que os distribuidores estão vendo e aprendendo com os absurdos que estão sendo praticados no mercado e estão conscientes de que o que parece uma oportunidade hoje pode ser uma corda no pescoço amanhã. Se hoje o fornecedor faz uma proposta irrecusável para ele, amanhã pode fazer para o seu concorrente, deixando-o com o ‘mico na mão’”, continua.
E resume: “hoje, o que os nossos clientes querem não é apenas fazer uma compra, não querem um simples fornecedor. Querem um parceiro, um trabalho consolidado com uma marca consolidada, querem um trabalho longo, uma verdadeira parceria. Esse cliente vai investir numa marca, vai trabalhar para colocar a sua marca no mercado e amanhã vai levar uma rasteira? Ele quer é alguém sério! Ele está buscando seriedade no mercado! Infelizmente, no mercado brasileiro ainda existem aventureiros e muita gente fazendo besteira”.
Exportação ganha destaque
Entre outras mudanças, a Eros está se preparando para atuar com maior eficiência no mercado externo, fazendo alterações pontuais na sua estrutura no Exterior. “Já existe um trabalho comercial sendo feito, com negócios grandes sendo estruturados, abrangendo distribuidores em mais de 20 países. A proposta é de estabelecer um caminho sólido de colocação dos produtos nesses mercados”, explica Raul.
“Hoje os produtos Eros já estão presentes em mercados exigentes, como Estados Unidos, Espanha, Itália e Japão. Mas temos um estilo de som que o mundo ainda não conhece. Os estrangeiros ficam admirados com o resultado de um carro que tem um ‘paredão’ de som instalado. No exterior não se conhece nada com esse nível de pressão sonora, com esse nível de resultado, com essa quantidade de alto-falantes em um mesmo projeto”, continua.
“Nós ajudamos a criar um gênero diferente, um jeito próprio de se fazer música, de se ouvir música no som automotivo. E esse jeito o Exterior ainda não conhece, vai passar a conhecer melhor agora”, complementa o sr. Renato.
Segundo Raul, “isso será fenomenal em termos de valorização da marca, pois ganhar um campeonato nos Estados Unidos, na Alemanha, na Itália nos trará outra visibilidade em comparação a ganhar um campeonato num estado aqui no Brasil”.
Mudanças positivas
De acordo com o diretor da Eros, a compra de uma empresa com atuação em som automotivo pela Samsung, no final de novembro de 2016, tem consequências positivas para a sua empresa: “isso vai nos forçar a ser ainda melhores, como já aconteceu há alguns anos quando a empresa que agora foi comprada adquiriu uma nacional e nos forçou a buscar mais tecnologia, a buscar oferecer mais resultados com os nossos produtos e a procurar fazer a empresa como um todo ser melhor”.
Ao mesmo tempo, ele acredita que a aquisição abre novas possibilidades no mercado. “A gente vê a Samsung, uma empresa de alta tecnologia, buscando um posicionamento de personal devices para serem utilizados não tanto como personal devices, mas como car devices em termos de sonorização. É duvidoso que, no futuro, os carros tenham um player pois, cada vez mais, o celular é o player de cada um. Para quê um reprodutor dentro do carro se o consumidor já tem todas as suas músicas no celular? Em vez de um player, precisaríamos ter um device de transferência de dados. Isso nos leva a pensar que até a configuração de som automotivo com a qual estamos acostumados poderá mudar”, afirma.
E continua: “Hoje, o consumidor, quando procura uma caixa amplificada Stanner nas lojas, uma das primeiras perguntas que faz é se ela tem Bluetooth. A partir daí podemos projetar que o termo plug and play esteja fadado a acabar, pois o plug não precisará mais existir. Os dispositivos do consumidor vão se parear e o consumidor só terá de apertar o play.”
Eros estará no ENAN
Participante do evento desde a primeira edição, a Eros promete novidades para o seu stand no ENAN 2017, no próximo mês de março. Na avaliação de Raul Del Trejo, o evento promovido pela AutoMOTIVO “tem tudo para crescer: o formato, a maneira equilibrada de administrar os custos do evento para o fornecedor, o foco como encontro de negócios e não apenas só mais uma festa”.
“O nosso segmento precisa disso. Achei ótimo saber que o ENAN está agregando o setor de rodas e pneus. Acho que isso vai somar um volume muito bom, não só de movimento no evento mas também trazendo a possibilidade de novos compradores. Como negócio, comercialmente falando, acho que é uma ótima sacada, assim como seria agregar outros segmentos”, complementa o Diretor da Eros.
Texto: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Divulgação
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Sempre usei Alto falante Eros acho que por isso que sempre tive um some de qualidade porem fui roubado e levaram meu som e hoje infelismente nao tenho condicoes de monta outta caixa com os Alto falantes Eros mas se tivesse seem duvidas Seria com os Alto falante da eris