Fé, som e acessórios

Aparecida, um dos principais destinos de turismo religioso do mundo, está localizada a 168km da cidade de São Paulo, na micro região denominada Vale do Paraíba. Lá está abrigado o maior santuário do mundo dedicado a Nossa Senhora.

O cartão-postal da cidade é a Basílica Nova de Nossa Senhora Aparecida, inaugurado em 1955 e visitada por três Papas: João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Construída em forma de cruz, tem capacidade para 75 mil pessoas e destaca-se em meio a pequena cidade, sendo vista por todos que passam na via Dutra, principal estrada que liga São Paulo ao Rio de Janeiro.

Além da imagem original de Nossa Senhora, o local abriga ainda um museu sacro, um mirante e a Sala das Promessas. Lá também se encontra a Basílica Velha, erguida em 1888, ao estilo barroco. Uma passarela de quase 400 metros liga os dois templos e proporciona uma vista panorâmica da cidade e do santuário novo.

 

TURISMO RELIGIOSO

O turismo religioso domina a cidade, que recebe em torno de 11 milhões de romeiros por ano. Em 2003 foi inaugurado na região o “Caminho da Fé”, uma peregrinação de 525 quilômetros entre Cravinhos e Aparecida, passando por cidades de Minas Gerais e São Paulo. Essa e todas as outras atrações serviram para alavancar não somente o turismo, mas também o comércio hoteleiro, alimentício e geral. Aparecida conta, atualmente, com 50 indústrias de transformação, voltadas a atender o comércio religioso e, em geral, estruturado em torno do turismo.

A data de maior movimento na cidade é, sem dúvida, no feriado de 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, quando mais de 200 mil romeiros visitam a cidade para ver a imagem da santa. No entanto, o turismo religioso também fortaleceu muitos outros setores da cidade, que se transformou num polo de compras dos mais diversos tipos de itens.

 

CENTRO DE COMÉRCIO

Anexo à basílica, há um centro de compras com galerias que abrigam lojas e uma grande praça de alimentação. Nestas galerias, além da enorme variedade de artigos religiosos, há uma diversidade de produtos incluindo várias lojas de Som e Acessórios, o que tornou Aparecida um importante centro do comércio varejista na região.

“As pessoas do Vale do Paraíba vão até lá comprar som e acessórios automotivos assim como os paulistanos e consumidores da região metropolitana vão para a Santa Efigênia, ou Galeria Pajé”, diz Emerson Orosco, da Distribuidora Irmãos Cavazzani, se referindo a famosos centros de compras de eletrônicos da cidade de São Paulo. Ele explica que o mercado em Aparecida ainda possui uma grande representatividade, mas que já foi melhor. “Quem está longe da região não consegue preço, pois quem é do Vale consegue cobrar um frete bem menor”. Ele comenta ainda que outro problema é o fato que, por comprarem em quantidade muito grande, os lojistas acabam procurando os maiores descontos e fazendo negócios diretamente com quem faz as melhores ofertas. “Os ‘porta-maleiros’ chegam carregados de produtos e vendem ‘de baciada’ para eles”, completa. “Nos finais de semana comuns, a cidade fica cheia de pessoas que só vão comprar, não vão pelo turismo religioso”.

Para muitos, a “informalidade” do negócio atrapalha e impede que distribuidoras façam um trabalho mais dedicado na região. A oscilação do comércio em determinadas épocas do ano – situação que não é mais tão forte atualmente – ainda serve como argumento para muitos lojistas buscarem o melhor preço e torna predatório o comércio em um lugar onde, o que todos esperam, é um pouquinho de boa-fé.

 

Por: Fabio Codellos / Laelie Machado 

Fotos: Equipe AM