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O que podemos esperar de 2018

Com doze meses de batalhas diárias pela frente, 2018 começa embalado com muitos sinais positivos. Se fossemos resumir o ano passado, poderíamos dizer que foi um ano difícil de atravessar, mas – em última análise – ainda melhor do que a maioria do mercado esperava. Se 2017 foi o ano em que deixamos a palavra “crise” de lado e paramos de andar para trás, 2018 vai ser o ano em que começamos a acelerar na direção da recuperação dos bons resultados perdidos no último triênio.

No Brasil inteiro a Economia definitivamente está se recuperando e os consumidores se mostram cada vez mais animados. A inflação diminuiu, com reflexos positivos no poder aquisitivo dos brasileiros; as empresas voltaram a contratar e a investir, botando a roda da Economia para girar.

A indústria automotiva

A maioria dos empresários também percebeu os sinais positivos, começando pelos da indústria automobilística. Segundo Antônio Megale, presidente da Anfavea, entidade que representa a maioria das montadoras, o crescimento deve ficar na faixa de dois dígitos, com a produção anual chegando perto dos 3 milhões de veículos, mais da metade da capacidade instalada, que é de 5 milhões de veículos por ano.

É preciso lembrar, porém, que os veículos produzidos abastecem tanto o mercado nacional quanto o de diversos outros países para os quais as montadoras exportam. Portanto, pode ser bom para a sua empresa tanto no que diz respeito a equipar os carros licenciados aqui quanto nos países vizinhos, que absorvem o grosso das exportações de veículos Made in Brazil.

Já para a Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias autorizadas, o que vale são os emplacamentos, as vendas diretas (para frotistas e empresas) e para pessoas físicas feitas aqui mesmo. Por isso, sua previsão para este ano é de que haja um crescimento entre 8% e 10% em comparação com 2017, o que é um aumento bastante positivo.

Outro fator que deve ser considerado é a influência dos novos lançamentos no ânimo do consumidor e seus reflexos na Economia. Além dos modelos da Fiat e da Volkswagen lançados no final de 2017, que começam a abrir caminho, as montadoras prometem um bom número de novidades para este ano, conforme você pode ter uma amostra em matéria nesta edição.

Para isso, muito dinheiro terá de ser investido, deixando os consumidores com vontade de abrir a carteira para colocar um deles na garagem e ativando a Economia, pois significam compras de equipamentos, contratação de pessoal, investimento em publicidade e promoção, novos estoques de peças de reposição, etc.

Só para dar dois exemplos, a General Motors vai investir R$ 4,5 bilhões no Brasil até 2020 e a Volkswagen anunciou que investirá outros R$ 7 bilhões e lançará vinte novos modelos. “Agora que a crise da indústria automotiva já passou, temos uma grande oportunidade para crescer”, justificou o presidente da GM para Mercosul, Carlos Zarlenga, durante o Seminário Autodata, no ano passado.

Conforme o segmento, as montadoras imaginam que os emplacamentos podem crescer até o dobro dos cerca de 10% registrados no ano passado. Não custa lembrar que os campeões de vendas e, por isso mesmo, os mais disputados são os dos veículos compactos, dos SUVs e das pick-ups. No entanto, não custa ficar de olho nos subcompactos e nos médios.

Outro fator a levar em consideração é o fim do Inovar-Auto e a entrada em vigor da Rota 2030, a nova política nacional para a indústria automotiva, que ainda depende de ajustes. Seus efeitos ainda não estão bem claros em função de uma queda de braço entre as montadoras e o Governo Federal. As montadoras querem continuar sendo subsidiadas para produzir e o Governo tenta diminuir o tamanho do “presente” que querem que ele (e, em última análise, cada um de nós) banque.

Entidades

Entidades empresariais como a FecomercioSP também apostam num bom 2018, baseando-se em indicadores econômicos e em estudos próprios. O otimismo dos varejistas paulistas fez com que o Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC), estudo realizado pela entidade, atingisse 150,8 pontos em outubro de 2017, maior pontuação registrada desde dezembro de 2013.

Outro estudo da FecomercioSP, a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), prevê que as 16 regiões analisadas devem apontar crescimento em 2018 na comparação com o ano passado. Os especialistas do mercado financeiro também têm expectativas animadoras. Segundo pesquisa realizada pelo Banco Central no final de 2017 com executivos de 100 instituições financeiras, a previsão é de que a inflação este ano fique na casa dos 4,03% e que o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no País, será de 2,5%.

Eles também esperam mais um corte na taxa básica de juros, o que faria com que a Selic fosse reduzida a 6,50%. Dentro desses parâmetros, é muito razoável que haja uma expansão na oferta de crédito, um fator com influência direta nas vendas da indústria automotiva. Os organismos internacionais também projetam um ano bem melhor que os últimos três. O FMI – Fundo Monetário Internacional – prevê que o PIB cresça 1,5% em 2018. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a economia brasileira deve aumentar o ritmo de crescimento em 2018 e 2019.

Segundo o relatório de perspectivas econômicas da entidade “a recuperação agora parece cada vez mais ampla”, destacando a dimininuiçao do desemprego e a inflação abaixo da meta, que permite que as instituições financeiras ofereçam empréstimos a taxas de juros menores.

Em resumo

Vai ser um bom ano para todos os elos da nossa cadeia? Provavelmente não. Aprendemos nos últimos anos que o mercado de som e acessórios automotivos exige cada vez mais empresas sérias, éticas e bem estruturadas, sejam elas fornecedoras, distribuidoras ou varejistas. Não adianta ser bom de vendas, se a empresa não tiver uma boa estrutura financeira. Não adianta ter marca forte e produto bom sem uma política comercial séria.

Não adianta estar no azul se para isso for necessário recorrer a “espertezas”. Mais cedo ou mais tarde alguém numa Secretaria da Fazenda vai puxar uma linha e “a casa vai cair” para quem vendeu ou comprou sem nota ou recorreu a qualquer tipo de artifício para deixar de pagar os impostos devidos. É só questão de tempo, pode anotar.

Alguém pensa que isso não vai acontecer. Isso seria até possível, mas muito improvável. Em caso de dúvida, vale a pena consultar os noticiários recentes para perceber que mesmo nomes tidos como poderosos e inatingíveis da política acabaram acusados, condenados e presos, mesmo depois de terem gasto verdadeiras fortunas nas suas defesas.

Se aconteceu com eles, por que não poderia acontecer com a empresa X que vende produtos sem nota ou com meia nota, deixando de recolher os impostos devidos? Por que não poderia acontecer com a empresa Y, que compra esses produtos artificialmente mais baratos e depois os coloca no mercado muitas vezes a preços abaixo dos pagos pela concorrência?

Em resumo: 2018 promete ser um bom ano para vender equipamentos de som e acessórios automotivos. Mas pode ser um péssimo ano para quem não fizer o dever de casa, estruturar sua empresa ou concorrer obedecendo as regras do jogo.


Texto: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Divulgação

Matéria publicada originalmente na revista AutoMOTIVO, a publicação B2B do mercado brasileiro de som e acessórios automotivos
Felipe Negri Vicentini

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