Porsche 918 Spyder – Uma máquina de sonho chega às ruas

Alguém já disse uma vez que as super máquinas e carros puro sangue nascem para romper barreiras e superar limites. No design, na tecnologia, na velocidade final, no desempenho em pista e, claro, no preço, pois nada do que é de ponta rima com popular ou acessível. Não raro, os limites superados são os do motorista.

É o caso do novo e ansiosamente aguardado Porsche 918 Spyder. Superlativo em tudo, ele reúne um design inspirado, que mescla toques de carros clássicos aliados a traços da maior atualidade, tecnologia de ponta em cada detalhe, propulsão híbrida – seguindo a última moda -, preço de tabela de quase 800 mil euros na Europa e o brasão da Porsche, garantia de sofisticação e desempenho esportivo.

Depois de quatro anos de muita expectativa, durante o qual foi alimentando a curiosidade dos fãs e da imprensa com doses homeopáticas de informações sobre a nova máquina, a montadora de Zuffenhausen, distrito de Stuttgart, na Alemanha, finalmente apresentou o carro pronto durante o recente Salão de Frankfurt.

Uma maquina para poucos

Enquanto isso, há mais de um ano os interessados em ter um dos carros na garagem já faziam fila, depois da fábrica anunciar que só vai produzir 918 unidades do belíssimo modelo, distribuídos para as suas concessionárias autorizadas de todo o mundo.

Comenta-se que os nomes de alguns afortunados brasileiros integram essa lista. Afortunados em vários sentidos, já que depois da aplicação de taxas e impostos, o Porsche 918 Spyder deve chegar às concessionárias da fábrica alemã no Brasil com um preço de tabela de mais de R$3 milhões.

Para se ter uma idéia do que um preço desses representa, basta lembrar uma Ferrari FF F1 zero custa R$2,8 milhões e uma F599 GTB Fiorano F1 R$ 2,6 milhões. Com menos da metade do preço projetado para o 918 Spyder já dá para botar na garagem máquinas mais “populares” como, por exemplo, uma Lamborghini Gallardo Coupé LP560-4, que sai por R$1,45 milhão.

E com um terço do dinheiro, um Aston Martin Virage Coupé 6.0, que custa “só” R$990 mil. Até agora, o modelo mais caro, mais potente e mais rápido da linha da Porsche no Brasil era o novo 911 Turbo S, que chega este mês às lojas da marca no Brasil, cujo preço de tabela é de R$1,1 milhão, cerca de um terço do previsto para o 918 Spyder.

Tecnologia de sobra

Descendente direto do belo Porsche Carrera GT, fabricado de 2004 a 2007, o 918 Spyder chega ao mercado para competir com máquinas super-exclusivas como a Ferrari La Ferrari, a McLaren P1 e a Bugatti Veyron. Para isso, a Porsche dá um banho de tecnologia, fabricando o que é com certeza o carro mais tecnologicamente complexo em produção atualmente.

O poder dos processadores incluídos no carro equivale não ao de um computador, mas ao de toda uma loja de informática. Apesar da profusão de controles e dos vários botões integrados ao volante, o motorista provavelmente nem vai perceber toda essa parafernália tecnológica, que chega a definir detalhes como, por exemplo, se numa frenagem o carro vai usar os enormes discos de composto de cerâmica e carbono ou o freio-motor proporcionado pelos três motores do carro.

Exato, são três motores, já que o 918 Spyder é um híbrido. Há um motor entre eixos V8 a gasolina derivado de uma versão de competição usada pela fábrica em Le Mans, que entrega nada menos que 608 cv, um outro, elétrico, de 127 cv de potência no eixo dianteiro e mais um elétrico, de 154 cv, no eixo traseiro, somando nada menos que 887 cavalos.

Para passar toda essa potência para as quatro rodas, a caixa de câmbio é automática, com sete velocidades e embreagem dupla. Não é à toa que o 918 Spyder só precisa de 2,8 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, de 7,9 segundos para ir da imobilidade 0 a 200 km/h e atinge uma velocidade máxima anunciada de 341 km/h.

Dirigir, pilotar ou simplesmente admirar?

Como nem todo mundo consegue dirigir (ou seria pilotar?) a essa velocidade, a Porsche oferece cinco diferentes opções de modos de direção para o 918 Spyder, variando do econômico E-Power (100% elétrico, com autonomia máxima de 30 km.) aos Race Hybrid (que extrai o máximo de performance do motor a combustão) e Hot Lap, que usa toda a potência que os motores conseguem entregar.

Entre essas três, ficam as opções por Hybrid, que faz os motores elétricos e a gasolina trabalharem alternadamente e Sport Hybrid, que usa o motor a gasolina com os dois elétricos ajudando ocasionalmente.

A solução de três motores ajudou a distribuir o peso de 1.640 quilos do carro, que estão bem divididos entre o eixo traseiro, com 57% do tal e o eixo dianteiro, que ficou com os 43% restantes. Para garantir a melhor estabilidade possível, a fábrica procurou instalar motores e câmbio bem próximos do chão, resultando em um centro de gravidade extremamente baixo.

A dirigibilidade é reforçada por detalhes avançados como rodas traseiras de 21 polegadas direcionáveis em até seis graus cada uma (as dianteiras são de 20 polegadas) e aerodinâmica ativa, que reposiciona spoilers em vários pontos do 918 Spyder quando os modos de direção esportiva são acionados ou determinada velocidade é atingida.

O chassi é comparável ao das máquinas de competição mais avançadas, um monobloco desenvolvido em fibra de carbono que, em vez de, usar complementos de alumínio, apela para o uso de compostos reforçados. Para envolvê-lo, a fábrica alemã optou por uma levíssima carroceria moldada em polímero reforçado com fibra de carbono.

Para contrastar, o capô traseiro, que também abriga duas belíssimas saídas de escapamento, tem um acabamento em forma de grade, produzido com o uso de uma chapa de aço inoxidável que recebeu nada menos que 10.346 furos feitos a laser. Visualmente, esse capô é um dos pontos altos do carro.

Para quem achar todas essas especificações insuficientes, a Porsche oferece um redundante “pacote” esportivo, batizado de Weissach, que torna o 918 Spyder ainda mais leve e “apimentado”, inclusive no quesito preço…

 

Por: Amadeu Castanho Neto

fotos: Divulgação