A JMR iniciou as atividades de representação no setor automotivo em 1983, no Ceará, região Nordeste do país. Posteriormente, como estratégia competitiva, a empresa diversificou seus negócios atuando em outros mercados, para se manter ativa e rentável. “Recém-formado em Economia, a minha visão era ser um empreendedor e, escolhi a representação comercial, para alcançar esse sucesso”, conta Moacyr Aguiar em entrevista à AutoMOTIVO.
Grande destaque para o início da carreira do representante foi o relacionamento. O início de sua empresa se deu junto com outros importantes nomes do setor automotivo. “Como todo início nada é fácil, porém, sempre contei com grandes amigos e profissionais que me indicaram para as primeiras representadas, nomes lendários como: Wilson Wanderley (ex-Bravox, Bepo, Metagal), Aguiar de Recife (Vibrações Mil), nossos ilustres Carlito da Eurasia (agora Real), Gildo e Olinto da Proda (hoje SK e Roadstar) entre outros. O mais importante é que continuamos juntos a eles fazendo e contando a história do segmento automotivo do Brasil”, afirma orgulhoso!
Atualmente, Moacyr representa as empresas: Eqmax, Permak, Tragial, Hinor, Frahm, Keko Acessorios, Suporte Rei, Rei Autoparts, DNI, Elgin, Daikin. E sua base de atuação continua sendo o Ceará. “A pedido de algumas empresas, já atuamos também nos estados do Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte, onde adquiri grande experiência conhecendo esses mercados. Ainda visito, com alguma frequência, as filiais dos nossos distribuidores do Ceará, nestes estados, mas o foco hoje é somente o Ceará, para atender melhor aos nossos clientes”.
Concentrada no Ceará, a JMR Representações viu a região mudando e com ela o gosto e a preferência pelos acessórios automotivos: “Já nos destacamos bastante pela quantidade de pick-ups que temos em nosso estado e o off-road já foi bastante expressivo. O som automotivo também foi uma grande evolução e o maior destaque foram os paredões de som, porém na minha opinião, os lojistas não inovaram e nem investiram em si mesmos e no próprio negócio, para acompanhar as constantes mudanças do mercado”.
Segundo Moacyr, essa impressão ficou ainda mais forte depois que passou dois dias em São Paulo (em abril deste ano) visitando algumas lojas de som e acessórios. “Saí com meu gerente da Eqmax para visitar todas as lojas exclusivas da marca e outras que vendem de tudo. Tive a oportunidade de conhecer a Mercadocar e outras grandes lojas, quando voltei para Fortaleza, contei a experiência que adquiri nesses dois dias, apresentei as fotos, levei vários projetos para eles escolherem o tamanho do investimento, mostrei a necessidade do consumidor usar racks e bagageiros, por determinação da própria Lei, que não permite mais objetos soltos dento do veículo.
Apresentei os acessórios de bike como uma grande tendência, pois o uso de bike vem crescendo exponencialmente pelo fato de ser fitness, saudável e pela facilidade de locomoção. Em resumo, o Ceará e o Nordeste em geral precisam voltar a ser destaque nacional na venda de acessórios, pois temos todas as características climáticas, costumes e frota para consumir”.
Em relação a rede de distribuição, a opinião de Moacyr é um pouco diferente: “Os distribuidores regionais evoluíram bastante em suas gestões e, hoje, praticamente estão próximos dos nacionais. Para conhecimento, atendo um distribuidor local que possui um aplicativo próprio, que do meu smartphone faço toda gestão das duas linhas que negocio com eles.
Acompanho todo estoque, o que está acima e abaixo da meta de vendas, itens com estoque zerado, análise de itens parados e efetuo o estoque rotativo”. Moacyr ainda completa que com o aplicativo, a sugestão de compra e a introdução de novos itens também é de responsabilidade dele, e a figura do gestor de compra da distribuidora é somente para auditar a gestão do representante. “Acredito que para atender bem nossos clientes, depende mais do nosso conhecimento do modelo de negócio deles, pois nós representantes, cada vez mais, precisamos personalizar nossos atendimentos”.
Para o representante, o pilar de sustentação da maioria das lojas de acessórios no Ceará é a venda de películas, justificada pelo Sol e calor que o Estado tem durante o ano todo, seguido de acessórios de segurança e conforto como: alarmes, rastreadores, travas e automatizadores de vidros elétricos, sensores de estacionamento, câmera de ré, lâmpadas de LED e super LED, engates, racks e acessórios de pick-up. “O som automotivo já teve um grande share em nosso mercado, porém pelo excesso abusivo dele, forçou o próprio consumidor a mudar os hábitos e, hoje, ele prefere um som mais personalizado e com conectividade”, afirma.
Atualmente, Moacyr está implantando um novo conceito de sonorização de ambientes na região, oferecendo às lojas de som automotivo e de acessórios a oportunidade de treinamentos e comercialização de produtos para que eles possam aplicar em pequenos, médios e grandes ambientes, sejam eles residenciais ou comercias. “Acredito que esse conceito vai se expandir pelo Brasil afora e fortalecer ainda mais nossos players do mercado automotivo”.
Pela experiência do representante, as mudanças sempre aconteceram e de forma natural. “Lembro do meu primeiro carro, um Corcel 1, bege, todo rebaixado com rodas gaúchas, volante esportivo de madeira, toca-fita TKR cara preta, amplificador Cash Box, alto-falantes ovais. Eu mesmo trocava as pastilhas do freio, abria os carburadores, trocava constantemente as velas, platinados e condensadores, mas muito desses produtos já sumiram do mercado.
As transformações foram muitas em nosso setor e com a evolução tecnológica, podemos afirmar que o futuro dos automóveis está baseado nos preceitos da autonomia e conectividade. Cada vez mais, os fabricantes se preocupam em facilitar a condução do motorista oferecendo mais conforto e segurança”.
Segundo o que Moacyr tem visto, os projetos das empresas atuais são todos sustentáveis e sempre voltados para preservar o meio ambiente. As inovações são constantes, sempre buscando a qualidade de vida e os produtos têm que ser benéficos a essa sociedade que está envelhecendo, tais como monitoramento de ponto cego, self-park, start-stop, sensor de cansaço, sensores de avisos sonoros, wi-fi, aplicativos embutidos como Netflix, jogos, navegação por meio do Google Street e o Earth, etc. “Os carros autônomos e elétricos já são realidade no mundo e empresas gigantes como a Apple, Microsoft, Samsung serão grandes players desse mercado automotivo”, afirma.
Outra mudança significativa é o lançamento de produtos. “Antigamente, as inovações eram mais lentas. Lembro-me que os fabricantes acumulavam vários lançamentos para divulgar em grandes eventos como o Salão do Automóvel, Automec, etc. Hoje os lançamentos são praticamente online e o consumidor final já fica sabendo, automaticamente, o que acontece em todo o mundo.
Os fabricantes, atualmente, não querem mais investir nos representantes para participarem desses eventos e, hoje, quem paga todo esse investimento é o próprio representante. Até mesmo, as Convenções de Vendas, muitas empresas já querem que os representantes paguem os deslocamentos”.
No Nordeste, acontecem apenas dois eventos de maior porte, a Autop Ceará e a Autonor, que são realizados de dois em dois anos, e mesmo assim são mais focados no mercado de peças. “Sugiro que os fabricantes de acessórios automotivos participem, e mais: que os organizadores do ENAN criem uma agenda de eventos de negócios nas regiões, para que possa tornar o evento mais acessível a novos clientes e representantes. Até mesmo para contemplar os fabricantes regionais a exporem seus produtos, como é o caso de fábricas de engates, amplificadores locais com expressividade”, afirma Moacyr, que ainda completa que os campeonatos de som, tunning e rebaixados ficaram desgastados e precisam passar por uma transformação para que os fabricantes voltem a investir novamente nesses eventos.
Para encerrar, Moacyr conta que depois de meio século de vida, voltou a estudar e fez um MBA em Gestão de Negócios Comerciais e Vendas. “Se especializar sempre é muito importante. Os fabricantes precisam preparar melhor suas equipes de vendas oferecendo mais treinamentos de produtos e de gestão comercial para que sejam seus Gestores de Negócios e não mero tiradores de pedidos”, finaliza.
Texto: Denise Andrade
Imagens: Divulgação
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