O noticiário diário traz fatos sobre a economia e o mercado automotivo, mas com uma ótica que precisa ser bem entendida para não chegarmos a conclusões erradas, pois essa também é a parte mais visível de uma “queda de braço” entre as montadoras e o governo.
O que é que acontece na sua empresa quando as vendas não vão como esperado? Você revisa preços, cria pacotes, oferece descontos e daí por diante.
Já as montadoras preferem não mexer nas suas margens e pintam um quadro pessimista, desanimador, para arrancar concessões do Governo e dos sindicatos. O quadro real é muito mais amplo do que parece à primeira vista.
Para tomar as decisões certas, é preciso examinar também outros dados e números, olhar além das aparências e verificarse realmente só existem problemas ou se também há oportunidades.
Com certeza há muitas oportunidades a explorar! E é isso o que temos procurado fazer nas análises que a AutoMOTIVO publica a cada mês. Apresentar dados que você talvez não conheça, mostrar caminhos, expor oportunidades.
Onde estão as oportunidades?
Mas onde existem oportunidades para serem exploradas? E uma pergunta que muitos leitores sempre nos fazem: qual é o tamanho do nosso mercado?
Vamos fazer um rápido exame: em janeiro, por exemplo, abordamos o potencial do mercado de usados. Segundo a FENABRAVE, em agosto deste ano, para cada carro zero quilômetro emplacado foram vendidos 3,7 usados.
E para cada comercial leve, 2,5 usados foram negociados. Em oito meses, já foram revendidos 6,1 milhões de automóveis e comerciais leves. Esse é um mercado que definitivamente merece atenção!
Conhecemos depois as características dos mercados estaduais e examinamos a variação da participação de cada montadora nas frotas dos estados. Vimos, por exemplo, que em São Paulo é a GM que lidera, enquanto que em Minas Gerais é a Fiat, que tem mais de um terço de todas as vendas de automóveis e comerciais leves, além de uma participação 50% maior do que a segunda colocada, a Volkswagen. Já a Renault, que é a 7ª em São Paulo, 5ª no Rio, Minas, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, é a 4ª no Paraná.
Além disso, 74% da frota de automóveis e comerciais leves está concentrada em apenas seis estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Só o estado de São Paulo concentra 34% do total da frota brasileira, 37% da frota de automóveis e comerciais leves, 28,6% da de caminhões e 32,6% da de ônibus do país. Só de automóveis são 11,9 milhões.
Vimos ainda que a média de habitantes por veículo, indicativo de um mercado maduro, vem caindo continuamente. Era de 8,4 em 2008, passou para 5,9 em 2010 e chegou a 5 em 2013. A idade média da frota também caiu, chegando a 8 anos e 5 meses no ano passado. E que, enquanto no Rio e em Brasília caminhões e motos são minoria, em Rondônia são os carros e comerciais leves que ficam na rabeira.
Mostramos que 47,2% da frota de automóveis do país se concentra nas 15 maiores regiões metropolitanas: Brasília, Belém, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Florianópolis,Fortaleza, Goiânia, Vitória, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Em algumas dessas cidades, a frota cresce mais do que a população, caso de Goiânia, Campinas, Florianópolis e Vitória, entre outras. Além disso que, enquanto de 2001 a 2012 a frota cresceu 91,6% na Região Sudeste, nas demais regiões ela dobrou, chegando a crescer 187,7% na Região Norte.
Descobrimos que o estado onde mais domicílios possuem automóveis na garagem é Santa Catarina, seguida pelo Distrito Federal (61,7%), Paraná (61,5%), São Paulo (59,2%), Rio Grande do Sul (56%) e Mato Grosso do Sul (50,3%). Em todos os outros Estados há menos que um automóvel por domicílio. Na média nacional, 45% dos lares urbanos já têm um automóvel.
Na nossa edição de agosto, exploramos a força do interior do País, mercado com 94,3 milhões de habitantes, que em 2013 gastaram R$ 51 bilhões com veículo próprio, entre compra de veículo, manutenção e aquisição e instalação de acessórios.
Na linha da comparação feita pelo Professor Marins na sua palestra no ENAN 2014, o Produto Interno Bruto do interior supera o da Dinamarca, o do Chile e o de Portugal. Hoje, os consumidores do interior já respondem por 4 de cada R$10 gastos no país.
Esse é um mercado em plena expansão! Segundo o Boston Consulting Group, o número de famílias de classe média para cima no interior deve crescer até 13% por ano até 2020, enquanto que nas cidades com pelo menos um milhão de habitantes, esses crescimento deve ficar entre 2% e 5%. Até 2020, o interior vai responder por mais de 50% da demanda do país e por mais de 40% das vendas de automóveis!
Índice de Potencial de Consumo
Oportunidades, portanto, não faltam. Será que estamos explorando todas as oportunidades do mercado? Para ter certeza, é preciso fazer um exame ainda mais detalhado. Para isso, os estudos de Índices de Potencial de Consumo (IPC) são ferramentas muito úteis, que mostram a capacidade de uma cidade, estado ou região absorver uma determinada categoria de produto.
Baseados em dados oficiais do IBGE, usando fórmulas estatísticas e cruzamento com outros dados oficiais, eles permitem mapear o potencial de consumo de cada município brasileiro, com detalhes como número de habitantes, seu sexo e suas classes sociais.
Além disso, usando complementos de geolocalização, eles permitem apresentar graficamente dados que podem não ter o destaque devido quando vistos numa planilha.
Como já foi dito, uma das perguntas que mais ouvimos é sobre qual é o tamanho do mercado de equipamentos de som e acessórios automotivos.
Ainda não existe um estudo que dê uma resposta definitiva para essa questão, mas os estudos de Índices de Potencial de Consumo permitem apontar tendências e determinar alguns valores.
Um desses estudos, o IPC Maps, mostra que desde 1991 a participação da Região Sudeste no potencial de consumo caiu de 59 para 49,2%, enquanto a das outras regiões cresceu. Ele também mostra o crescimento do poder aquisitivo da população. Hoje, 50,8% dos brasileiros já são de classe média.
Mostra ainda que um dos 6 maiores gastos do brasileiro é com o veículo próprio, junto com manutenção do lar, alimentação no domicílio, alimentação fora do domicílio, materiais de construção e outras despesas.
Entre os dados das pesquisas do IBGE como a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios e a Pesquisa de Orçamento Familiar, está incluída a categoria “Gastos com Veículo Próprio”, que inclui despesas com emplacamento, licenciamento e seguro, pagamento de multas, estacionamento, troca de óleo, pneus e câmaras de ar, funilaria, conserto/mecânico, lubrificação e lavagem, combustível e acessórios. As despesas com acessórios correspondem a aproximadamente 5% do total dessa categoria.
Potencial de Consumo de Som e Acessórios
Segundo o IPC Maps, a Região Sudeste responde por 48,64% do total do potencial de consumo de veículos do país, a Sul por 18,97%, a Nordeste por 17,25%, a Centro-Oeste por 10,02% e a Norte, por 5,1%. O estudo aponta que os 5% do Gasto com Veículo Próprio no país correspondem a 7,7 bilhões de reais!
Vamos mergulhar um pouco mais nesse mar de informações e conferir uma tabela de outro processamento especial feito pela IPC Maps especialmente para o 1º Fórum do Mercado de Som e Acessórios, para ver como esses 7,7 bilhões de reais seriam repartidos pelos Estados. Para variar, o Estado de São Paulo fi ca com a parte do leão, mais de 31% do potencial de consumo, o que significa 2,38 bilhões em gastos com acessórios.
Em mais um processamento especial feito especialmente para o Fórum, podemos conferir agora o potencial de consumo das cidades com equipamentos de som e acessórios automotivos. São Paulo vem no topo da lista, com 797 milhões de reais em gastos, seguida por Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. Campinas é o primeiro mercado do interior, em 10º lugar.
Esse estudo revela que os 50 municípios com maior potencial de compra concentram 45,25% do potencial de compras do País inteiro, com gastos de 3,47 bilhões de reais em som e acessórios . Desses 50 municípios, 14 (28%) ficam no Estado de São Paulo, 5 no Rio de Janeiro e 4 em Minas Gerais. Paraná e Santa Catarina têm 3 cada um, enquanto que Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Espírito Santo, apenas 2.
Nota: Este artigo é um resumo da palestra apresentada durante o 1º Fórum do Mercado de Som e Acessórios, realizado pela AutoMOTIVO no dia 4 de setembro, em São Paulo. Além de dados mais aprofundados, os participantes receberam com exclusividade uma planilha com dados sobre o IPC dos 50 maiores mercados para som e acessórios automotivos.
Texto: Amadeu Castanho Neto
Arte: Equipe AutoMOTIVO
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