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Fique atento aos cuidados necessários na instalação de acessórios veiculares

A cada dia que passa, o conteúdo eletrônico dos automóveis vai evoluindo. São sistemas de injeção eletrônica, ignição, ABS, de som, entretenimento, segurança e conforto são cada vez mais sofisticados e acessíveis. Uma rápida comparação entre um modelo popular atual com um de luxo do início dos anos 1990, podemos visualizar a incrível evolução desta tecnologia.

Naquela época, grande parte dos veículos possuía apenas o rádio como sistema eletrônico. Antes de as leis para a redução de emissões de poluentes se tornarem mais exigentes, era possível projetar um carro sem utilizar nenhum microprocessador. Atualmente, o automóvel médio carrega mais de 20 destes componentes, que colocam pressão em diversos itens, como baterias, alternadores, fiação etc. Se o sistema elétrico não for confiável e bem dimensionado, o carro perde confiabilidade, podendo deixar o condutor em apuros.

Neste cenário, a instalação de acessórios automotivos deve considerar as limitações e complexidades dos sistemas elétricos dos modelos atuais. Equipamentos com alto consumo podem descarregar a bateria do veículo. O corte de um fio errado pode parar o carro ou fazer com que sistemas originais deixem de funcionar. A instalação de sistemas de som, alarmes e módulos de conforto, portanto, requer cuidados extras e deve ser efetuada por profissionais capacitados. E, igualmente importante, os produtos devem ser de qualidade.

Fios, fusíveis e chicotes podem parecer básicos mas são a base de construção dos sistemas elétricos automotivos e devem ser bem dimensionados e específicos para funcionarem corretamente.

FIOS: a fiação tem como função principal distribuir energia da bateria para os sistemas elétricos. Nos modelos atuais, os fios também são utilizados para a transmissão de dados entre os diversos módulos eletrônicos, constituindo verdadeiras redes de dados. Barramentos de informações como CAN, LIN e MOST são exemplos cada vez mais comuns. Além disso, a fiação também transporta uma diversidade de sinais digitais e analógicos de sensores e interruptores para os módulos de controle do veículo.

Esses diversos tipos de uso exigem diferentes tipos e espessuras de condutores. Os sinais dos sensores, por exemplo, podem usar fios bastante finos, pois por eles passam baixas correntes, enquanto os que alimentam os módulos eletrônicos precisam ser mais grossos. Se uma corrente excessiva passa por um fio, ele pode superaquecer e derreter sua própria isolação, provocando curtos-circuitos. A quantidade de corrente que um fio pode conduzir depende de sua espessura, comprimento, composição e agrupamento, fatores que determinam sua resistência elétrica. Quanto maior o diâmetro e menor o comprimento, maior a capacidade de corrente do fio, e menor o calor gerado. Chicotes muito longos ou com fios muito finos apresentam resistência elétrica elevada, o que pode provocar um aquecimento a ponto de derreter a isolação plástica, causando curtos- circuitos e até mesmo incêndios. O agrupamento de diversos fios em chicotes também precisa ser bem equacionado, pois o calor de um condutor aquece o outro, e isso pode gerar um aquecimento generalizado, que também pode provocar danos.

A instalação de acessórios extras, portanto, deve ser realizada utilizando fios com dimensionamento adequado (comprimento X espessura) e com emendas e derivações executadas em chicotes que aguentem a capacidade adicional de corrente exigida pelos equipamentos. Devem ser evitados agrupamentos de fios que aqueçam em operação.

FUSÍVEL: sua principal função é proteger a fiação. Os fusíveis devem ser dimensionados e posicionados adequadamente, para proteger o fio que está conectado. Se um dispositivo como o rádio “puxa” corrente suficiente para queimar o fusível, o equipamento provavelmente já está danificado. O fusível está ali para proteger o fio, que seria muito mais difícil de substituir do que o rádio.

Como explicado anteriormente, o acúmulo de calor nos fios depende da resistência e da quantidade de corrente que flui por meio deles. Os fusíveis são, na verdade, apenas um tipo especial de fio, com um conector independente. O condutor dentro do fusível é produzido com um metal semelhante à solda. Ele tem uma temperatura de derretimento mais baixa que a do fio que está protegendo. O diâmetro do fio e a capacidade do fusível têm que ser calibrados cuidadosamente, de modo que quando a corrente máxima do fio é alcançada, é gerado calor suficiente para fundir o condutor dentro do fusível, interrompendo o circuito e evitando danos à fiação. Esse casamento entre diâmetro do fio e capacidade do fusível é rigorosamente estudado e implementado pelos fabricantes de veículos. Assim, os fusíveis queimados devem ser substituídos por outros de mesmo valor. Infelizmente, instalações erradas de acessórios provocam a queima dos fusíveis originais, e muitos ditos “instaladores” sugerem a troca por um fusível de maior valor, podendo provocar estresse maior da fiação e até mesmo incêndios, em casos extremos. O consumidor não deve aceitar essa sugestão, que pode ser evitada com um procedimento correto de instalação e o uso de chicotes dedicados aos acessórios, conectados diretamente à bateria ou a pontos de distribuição com alta capacidade de corrente.

CONECTOR: elemento final nos sistemas de distribuição de energia e sinais dos veículos. Os conectores são essenciais para os carros atuais. Sem eles, seria praticamente impossível construir ou reparar um veículo. Sempre que um grupo de fios atravessa ou se conecta a um componente do automóvel que pode ser removido, tem que haver um conector para permitir a remoção. Um único conector pode ter mais de 100 fios. No passado, conectores não confiáveis ​​foram fontes de diversos problemas elétricos nos veículos. Além disso, eles têm que ser à prova d’água (conectores modernos possuem vários selos para resistir à umidade) e de corrosão e proporcionar um bom contato elétrico por toda a vida útil do veículo. Durante a instalação de acessórios, deve-se tomar especial cuidado para que os conectores eventualmente removidos sejam reconectados e travados, evitando mau contato, o que poderia provocar falhas nos sistemas originais e também nos acessórios instalados. Deve-se evitar também furar e alterar conectores, principalmente aqueles que ligam o interior do carro às portas, sob o risco de problemas de infiltração de água e conexão elétrica. Para isso, recomenda-se o uso de produtos com conectores originais.

Por Fábio Nista (Diretor de Inovação da PST Electronics)

Denise Andrade

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