Algumas vezes os concepts radicalizam, inovam e partem para a quebra total de paradigmas, resultando em veículos que são quase um exercício de futurologia. Noutras, os limites são mais restritivos e o resultado é uma visão de um futuro bem mais próximo.
No caso do Concept GC-PHEV da Mitsubishi, a montadora optou por investir em um SUV híbrido de grande porte que permitisse testar a sua visão de estilo e tecnologia para os próximos anos, como admitiu um dos Vice-Presidentes da empresa no Salão de Chicago deste ano.
Embora não abandone o perfil básico dos SUVs da Mitsubishi, com o GC-PHEV (abreviação de Grand Cruiser Plug-In Hybrid), a montadora japonesa deixa de lado as linhas mais retas e abraça traços mais curvilíneos e fluidos.
Num primeiro exame, chama a atenção a frente arrebitada e bastante alta, que remete às das adotadas por algumas pick-ups americanas, definitivamente parrudas. Um bem sacado uso de contrastes na área do para-choques dianteiro ajuda a quebrar um pouco essa impressão de altura, introduzindo um amplo elemento horizontal.
Outros detalhes que chamam a atenção na parte dianteira do concept da Mitsubishi são os faróis arredondados com lâmpadas LED, que lembram os do PT Cruiser da Chrysler, e as longas lanternas, com DRL (daytime running lights) LED, que começam praticamente dentro da grade frontal de abertura variável e avançam nas laterais até quase a metade dos para-lamas dianteiros.
Olhando as laterais do GC-PHEV, a atenção é logo atraída pelos para-lamas protuberantes e pelo perfil arredondado das portas dianteiras, recuadas para o centro do veículo em relação aos para-lamas, abrindo espaço para interessantes estribos incorporados à carroceria.
Numa solução cada vez mais comum em concepts, a carroceria não tem a coluna B, normalmente localizada entre o a área dos bancos dianteiros e traseiros. As portas dianteiras e traseiras abrem em sentidos opostos, facilitando o acesso dos ocupantes.
A traseira talvez seja a parte menos harmônica do SUV, a começar pelo vidro traseiro em forma de bolha, cortado por uma faixa horizontal na parte inferior, onde foram alojadas as lanternas.
Além disso, a parte traseira é mais estreita que o resto da carroceria do GC-PHEV. Sem dúvida, as soluções adotadas nessa parte do concept tendem a ser revistas quando os conceitos forem transferidos para a produção em massa.
Liberdade para ousar
Se externamente o projeto da Mitsubishi é mais contido e até atual, na área interna da cabine e na parte técnica, a sensação é de que a montadora deixou seus engenheiros e designers bem mais livres para ousarem e abusarem da tecnologia.
Um exemplo é a mesa sensível ao toque posicionada num console central entre os bancos, batizada de Tactical Table – na verdade, a parte visível de um avançado sistema interativo que se conecta com os smartphones dos ocupantes e lhes permite uma experiência sem precedentes.
Com navegação similar à dos smartphones e tablets, motorista e passageiros poderão programar a rota desejada, acessar a Internet e interagir com o veículo, além de usufruir das opções de entretenimento a bordo sem interferir na condução do veículo, enquanto apreciam a vista pelo teto sky view, que se distingue pelos recortes futuristas.
Além disso, foram inseridos monitores nas colunas A e partes superiores das portas, exibindo imagens externas em tempo real. Isso dá a sensação de que são vidros normais, mas elimina os pontos cegos e permite ver tudo o que acontece ao redor do veículo. Os retrovisores também foram eliminados e substituídos por câmeras espalhadas em toda a lateral.
Para ajudar o motorista, um sistema de realidade aumentada projeta imagens no para-brisas com alertas de trânsito e informações de outros veículos e pedestres, por exemplo. Graças a um radar integrado e à captação de sinais eletrônicos, é possível detectar em frações de segundo a aproximação de outros veículos e pedestres em rota de colisão e alertar o motorista.
Em trajetos mais longos, o GC-PHEV conta com o Cooperative Adaptive Cruise Control (CACC), que monitora o tráfego e a distância em relação a outros veículos, e o Lane Keep Assist (LKA), que monitora as faixas de rolamento e não deixa o veículo passar de uma para outra sem liberação do motorista, que pode programar a velocidade e a rota e relaxar.
Desde quando entra no carro, o motorista também é monitorado por equipamentos que conseguem detectar sinais de cansaço ou mesmo um cochilo ao volante.
Tecnologia Híbrida
Híbrido, o Concept GC PHEV é equipado com um motor V6 MIVEC Supercharged a gasolina, que gera 340 CV, um elétrico de 70 kilowatts (95 CV) e uma transmissão automática de oito velocidades. Para liberar mais espaço para os ocupantes na cabine, as baterias de alta capacidade (12 KW/h) foram montadas sob o porta-malas, atrás do eixo traseiro.
Lembrando que um concept é uma vitrine repleta de ideias para serem avaliadas pelo público e um resumo da capacidade de desenvolvimento tecnológico da montadora, resta-nos esperar que as propostas da Mitsubishi no Concept GC PHEV logo comecem a ser incorporadas nos seus modelos de produção. Provavelmente, as primeiras serão na área de estilo, talvez com um ou outro detalhe tecnológico.
Texto: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Divulgação
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