Uma quantidade inédita de modelos deixa de fazer parte do portfólio de diversas montadoras
O mercado automotivo brasileiro está mudando. Como reflexo das mudanças no próprio mercado, na Economia e, principalmente, do comportamento e das preferências do consumidores, o mercado automotivo passa por importantes mudanças em 2017. Uma delas é a mudança nos motores, reflexo principalmente das exigências do Inovar-Auto, programa do Governo Federal que estabeleceu a necessidade de redução de consumo e de emissão de poluentes como contrapartida para que as montadoras pudessem fazer jus a vantagens tributárias. Não se pode esquecer também o efeito do sucesso de concorrentes com motorizações mais modernas, como no caso do Hyundai HB20 e do Toyota Etios.
Gradativamente, motores defasados tecnologicamente e com consumo maior foram substituídos por unidades de força mais modernas e eficientes, que consomem menos, têm melhor desempenho e ainda emitem menos poluentes.Aos poucos, os motores de maior cilindrada e com maior número de cilindros estão sendo substituídos por outros menores, como no caso dos 1.0 de três cilindros usados nos modelos compactos e dos 1.6 e 2.0 usados nos modelos maiores ou oferecidos como opção para versões topo de linha. Fiat, Volkswagen, Peugeot e agora Renault são alguns dos exemplos.
Outra é a eliminação de modelos defasados, pouco competitivos ou francamente ruins de venda. Continuando um movimento já percebido em 2015 e 2016, muitas das grandes montadoras enxugaram significativamente os seus portfólios de produtos. Em diversos casos, pode-se perceber a troca de uma estratégia de oferecer uma grande variedade de modelos pela opção por uma linha com menos modelos e maior número de versões.
Fora da lista
O corte atingiu um número inédito de produtos, alguns deles populares entre os consumidores, como o Chevrolet Classic e outros icônicos para a marca, como o Renault Clio. O grande corte funcionou mais na Fiat, que eliminou diversos modelos da sua linha.
De todos os que deixam de ser vendidos, o Classic foi o mais bem sucedido. Depois de chegar ao mercado há 21 anos atrás como Corsa Sedan, depois o modelo da GM foi rebatizado e agora foi substituído pelo Prisma Joy.
Bom de venda por muitos anos, o Classic fechou 2016 como o 32º modelo 0km mais vendido no País. Já entre os usados, o modelo foi o nono colocado na lista dos dez modelos seminovos e usados que mais trocaram de mão no ano passado.
Já o Renault Clio, segundo modelo produzido pela montadora francesa no Brasil, desde 2007 era importado da Argentina e foi o 34º 0km mais vendido no ano passado. No ranking de seminovos e usados, o modelo foi só o 28º colocado em 2016. Vai ser substituído pelo Kwid, que será produzido em São José dos Pinhais, no Paraná.
Pelo lado da Fiat, saem do portfólio o Idea, Linea, o Bravo e possivelmente a Dobló Cargo. Desses, o único modelo que tem substituto à vista a curto prazo, ou seja, ainda este ano, é o Linea, cujo lugar deve ser ocupado por uma versão do Fiat Aegea, modelo fabricado na Turquia.
Bom para a sua empresa e para o mercado
O que significam essas mudanças para o seu negócio? De um modo resumido, podemos dizer que o mercado automotivo está mudando porque está evoluindo e se atualizando e que essas mudanças são um reflexo saudável disso.
Elas significam que as montadoras estão em sintonia com as reações dos consumidores, com os movimentos da concorrência e com o que está acontecendo na nas suas concessionárias autorizadas.
E como também deveria acontecer na sua empresa, o que não estiver vendendo, o que estiver absorvendo investimento em publicidade sem dar o retorno adequado em vendas, o que estiver obsoleto e sendo superado pela concorrência e o que não estiver mais atendendo às expectativas e demandas dos consumidores, tem de ser tirado de linha, substituído ou simplesmente eliminado.
Trocando em miúdos, o fato desses modelos deixarem de ser produzidos ou importados é positivo. Como todos sabemos, os consumidores gostam de novidades e o espaço deixados pelos modelos que saem de linha deve ser preenchido por novos modelos, que tendem a mexer positivamente com os consumidores e – ao menos em tese – vender mais que os que substituíram.
Ao mesmo tempo, vale lembrar que o fato desses modelos deixarem de ser vendidos como novos não significa que a extensa base de seminovos e usados em circulação deixe de trocar de mãos ou de existir. Ou seja, ainda é muito cedo para deixar de produzir ou distribuir acessórios para eles.
Texto: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Divulgação