Home / Veículos / Concept Cars / Veloz e Furioso – Conheça o Porsche Carrera GT

Veloz e Furioso – Conheça o Porsche Carrera GT

concept-porsche-gt-02

Motor V10 desenvolvido para a Fórmula Um. Descendente direto de um veículo de competição projetado para competir na mítica 24 Horas de Le Mans. Chassis monocoque em fibra de carbono. Velocidade máxima de 330km/h. Preço de tabela de mais de 500.000 dólares. Apresentado publicamente pela primeira vez no famoso Museu do Louvre, em Paris.

Já deu para entender que não estamos nos referindo a só mais um carro esportivo, certo? Nem muito menos um carro para qualquer piloto. Ou um puro-sangue ao alcance do dono de uma conta bancária comum.

Muito bonito, sofisticado, potente, extremamente “nervoso”, produzido em série limitada, o Porsche Carrera GT reúne um grande número de motivos para merecer destaque, mas acabou infelizmente ganhando os holofotes por ter sido o carro em que morreu o ator norte-americano Paul Walker, da série de cinema Velozes e Furiosos.

Das pistas para a rua

Baseado num projeto desenvolvido pela afamada montadora alemã Porsche para a lendária prova 24 Horas de Le Mans depois de uma mudança de regulamentos, o Carrera GT acabou não indo para as pistas por causa de uma definição estratégica pontual do grupo Volkswagen, que além da Porsche também controla outras marcas famosas de automóveis, como Lamborghini, Audi, Bugatti e Bentley.

A Porsche então mudou o foco do projeto para um carro “de rua” e, em lugar do motor baseado nas regras da FIA que estava inicialmente previsto, empregou um V10 que tinha sido desenvolvido sob encomenda da equipe Footwork (ex-Arrows) de Fórmula Um, mas nunca tinha sido usado. Para “apimentar” um pouco mais o resultado, esse motor passou a ter 5,5 litros, alcançando uma potência de nada menos que 558 cavalos.

Para testar a idéia, que ainda enfrentava resistências internas, o carro foi preparado para ser apresentado como concept no Salão de Paris, em setembro de 2000, com o codinome de Porsche 980. Como merece uma verdadeira obra de artes, dois dias antes da abertura da feira, o futuro Porsche Carrera GT foi apresentado no Museu do Louvre à imprensa de todo o mundo.

Um sucesso de vida curta

A repercussão foi tanta que o projeto ganhou sinal verde da direção da Porsche para desenvolver o carro para venda ao público e a nova fábrica de Leipzig foi preparada para produzi-lo em uma série de 1500 unidades. Na versão definitiva, o motor V-10 original acabou sendo ainda mais envenenado, passando a ter 5,7 litros e atingindo 612 HP de potência.

Outra mudança foi no número de versões oferecidas, originalmente coupé e conversível (roadster), que foi reduzido a apenas uma, incorporando um teto removível que permitia que o proprietário optasse por usar o teto ou não.

O resultado final acabou sendo o que muitos especialistas descrevem como “a experiência mais próxima que alguém pode ter de pilotar um Fórmula Um sem estar num monoposto de Fórmula Um”. Como se isso fosse pouco, o Porsche 980 adotou um nome mais comercial e acabou virando Porsche Carrera GT.

Em 2003 as primeiras unidades começaram a ser vendidas com preço de fábrica de 448 mil dólares. No início de 2004 o Porsche Carrera GT estreou nos Estados Unidos, que acabou sendo o maior mercado do modelo. Nos primeiros meses, a demanda foi tanta que as concessionárias chegaram a cobrar uma “taxa de entrega” de cinco mil dólares.

Em função da mudança da legislação de airbags no país, a fábrica decidiu suspender a produção do modelo em maio de 2006, antes que fossem atingidos os 1500 exemplares programados, totalizando só 1270 unidades.

De lá para cá, apesar da fama de carro para “pilotos bons de braço”, ou talvez justamente por causa dela, o Porsche Carrera GT só se valorizou e acabou se tornando um mito, que só deve ser fortalecido com o acidente que vitimou Paul Walker.

Tecnologia de pista para usar na rua

Em praticamente todos os aspectos o Porsche Carrera GT deixa bem claro que é a evolução de um carro de competição das categorias mais sofisticadas com as adaptações necessárias para poder ser emplacado e circular em ruas e avenidas.

O “pé na pista” fica evidente no projeto tecnologicamente sofisticado e inovador em muitos aspectos, com uso abusivo de fibra de carbono desde o chassis monocoque até a carroceria, com reforços pontuais em aço de alta resistência.

Na parte aerodinâmica isso pode ser percebido em vários pontos mas o principal destaque é o grande aerofólio traseiro móvel, programado para se levantar automaticamente assim que o Carrera GT atingisse a velocidade de 110 km/h, pressionando a traseira para baixo, atuando sobre o fluxo de vento e gerando menos arrasto.

Na parte mecânica, além do motor isso fica evidente na inédita embreagem de discos duplos em cerâmica e nos discos de freio do mesmo material. Nos dois bancos tipo concha, a fibra de carbono foi aliada ao Kevlar, outra fibra de alta resistência.

Mais uma vez remetendo à origem do projeto, o motor derivado da Fórmula Um e o tanque de combustível foram posicionados entre-eixos, garantindo melhor distribuição de pesos e um centro de gravidade muito baixo.

Concessão à sofisticação dos clientes com caixa suficiente para encarar o seu preço salgado, a Porsche oferecia aos compradores do Carrera GT a opção de manopla de câmbio com acabamento em madeira ou em fibra de carbono, bancos revestidos com couro e sistema de som Bose.

No que diz respeito às cores, as opções eram mais amplas. O comprador podia escolher entre Vermelho Guardas, Amarelo Faiança, Preto Basalto, Prata GT e Cinza Foca. Aqui entre nós, o nome dados às cores provavelmente foi o aspecto menos inspirado do Carrera GT. Mas com uma super-máquina dessas, quem é que vai dar importância para o nome da cor?

 

Por Amadeu Castanho Neto

Fotos: Divulgação

Comente esta matéria

Fique tranquilo: o seu endereço de e-mail é apenas para controle interno e não será publicado. Os campos marcados são de preenchimento obrigatório! *

*

Voltar ao topo