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Canais de venda não especializados são fonte de preocupação para o Sincopeças

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“O salto da loja empoeirada e escura para uma nova experiência do consumidor é o desafio que está aí às nossas portas” 

A invasão do varejo de autopeças e acessórios por empresas sem estrutura ou tradição nesse mercado é uma das grandes preocupações do Sincopeças – Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos do Estado de São Paulo, de acordo com o seu Presidente, Francisco Wagner de La Torre.

Um dos exemplos citados é dos “home brokers” (intermediários baseados em casa), pessoas que montam na sua casa ou escritório um site na Internet anunciando a venda de produtos, trazidos principalmente dos Estados Unidos, da Ásia e da China.

“Esses produtos são oferecidos para o consumidor final sem ter o menor compromisso com o pós-venda – coisa que o lojista legalmente estabelecido tem – e quando tem algum stress na relação desse home broker com o consumidor final, ele acaba denegrindo a imagem de toda a cadeia”, explica de La Torre.

“Outro tipo de player que nos preocupa são os supermercados, que oferecem em suas prateleiras pneus, baterias, palhetas, acessórios. Muitos supermercados e lojas de departamento ainda vendem som, multimidias. Esse é o nosso mercado. Esses dois tipos de players é que causam preocupação para o Sindicato”, complementa.

DNA de varejo automotivo

Mas nem todos os novos players preocupam o presidente do Sincopeças, que explica que há os que têm o varejo independente no seu DNA, como por exemplo a AutoZone, que nasceu nesse mercado nos EUA.

Ele considera que o fato dela e de outras empresas similares européias estarem aportando no Brasil é sinônimo de que o mercado brasileiro de autopeças, som e acessórios automotivos efetivamente está maduro e de que ele tem um índice de formalidade que começa a atrair o interesse de grandes investidores, o que é positivo.

O novo varejo

Segundo ele, daqui para a frente o grande desafio para os empresários que já atuam neste segmento é focar na gestão da empresa, no gerenciamento financeiro, no fluxo de caixa, na taxa de retorno do investimento, além de focar bastante no treinamento do seu pessoal e trabalhar fortemente os pontos de vendas.

“Entendemos que, dentro da cadeia, o segmento que daqui para a frente tende a se consolidar de uma forma mais robusta é o varejo. Se compararmos o nosso mercado com outros mais maduros, o ponto forte da cadeia é o ponto de venda. Se pegarmos o mercado de material de construção ou o de farmácias, as lojas são muito bem trabalhadas e esse fenômeno está acontecendo e se consolidando também no varejo de autopeças e acessórios”, afirma Francisco de La Torre.

“Acreditamos que chegou a vez do ponto de venda se consolidar dentro da cadeia de negócios, principalmente nas grandes cidades, onde a mobilidade é difícil. Cada vez menos o consumidor vai se predispor a atravessar toda a cidade ou uma região para fazer um serviço ou adquirir um produto só porque está mais barato lá”, continua.

E complementa: “o varejista, principalmente nos grandes centros, pode fazer um trabalho melhor no seu ponto de venda, treinando o seu pessoal, prestando um serviço melhor, que é como ele consegue fidelizar o cliente que está na região circunvizinha à sua loja e aí trabalhar com menor pressão de preços”.

Segundo ele, “em pouco tempo, vamos entrar numa loja especializada e poderemos tomar um sorvete, uma Coca-Cola, vai ter uma maquina com sanduiches. Esse salto da loja empoeirada e escura para uma nova experiência do consumidor é o desafio que está aí às nossas portas. Já existem no Brasil exemplos de lojas onde comprar e instalar um acessório é uma experiência agradável, porque o ambiente é gostoso e envolvente, o pessoal é altamente treinado para recepcionar os clientes, então já temos referências de como ser esse modelo”.

Fontes de preocupação

Ele considera que o principal problema para o varejo especializado é a gestão tributária, que está muito difícil, gerando uma insegurança na gestão dos negócios. Também são citados como fontes de preocupação as relações trabalhistas, o treinamento da mão de obra e a acelerada obsolescência dos estoques, que demanda uma gestão muito especial por parte do empresário.

Outro assunto que preocupa os varejistas é o alto custo do metro quadrado dos imóveis, que está inviabilizando muitos pontos de venda, principalmente no caso das empresas que pagam aluguel,

Representando o varejo

Fundado há 76 anos, o Sincopeças representa hoje 24.600 lojas de autopeças e acessórios no estado de São Paulo, abrangendo quase que a totalidade dos municípios paulistas. A atual Diretoria trabalha em várias frentes para defender os interesses dos varejistas.

Uma delas é a busca da representação política perante os órgãos públicos e a sociedade, no sentido de valorizar a atividade comercial de autopeças e acessórios e defender o varejo, lutando contra eventuais barreiras legais que possam vir a nascer. “Neste exato momento estamos com uma briga muito forte para tentar frear alguns projetos de lei que, se forem colocados em prática, representarão sérias ameaças para o nosso segmento”, afirma de La Torre.

“Estamos trabalhando intensamente junto ao poder público pela certificação das peças e produtos vindos de fora do Brasil, pois isso compromete a imagem do nosso setor. O comerciante e o instalador desses produtos são uma das partes fragilizadas desse processo, pois têm a responsabilidade civil sobre o que estão vendendo e instalando e muitas vezes compram produtos importados sem terem a segurança da qualidade. Se der algum eventual problema ou sinistro, eles vão responder por isso. Aí, vão procurar o seu fornecedor e – se ele for um “trader”, sem compromisso nenhum com a cadeia – eles podem ser ver sozinhos para responder perante a Justiça. Um exemplo disso são as lâmpadas”, explica.

Ele revela que a entidade acompanha com atenção a elaboração de novas leis e normas que possam afetar o varejo, procurando sempre que possível interagir e expor a realidade do nosso negócio. É o caso, por exemplo, da legislação ambiental. Produtos como lâmpadas precisam ter destinação específica e é preciso estar em contato com o poder público para ajudar na elaboração de uma lei que possa ser cumprida.

Outra frente em que o Sindicato atua é na tentativa de antecipar tendências, desenvolvendo estudos e pesquisas para tentar entender o modelo do mercado, as oportunidades e as ameaças existentes na inserção de novas tecnologias e na vinda de novas montadoras.

Outra ainda é na tentativa de aliviar a carga tributária. O Sindicato atuou junto à Secretaria da Fazenda e também no âmbito do CONFAZ e conseguiu que as MVA — Margens de Valor Agregado – fosse reduzidas dos 79,4% pretendidos para 65,1% em São Paulo e 59,6% nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Atuou ainda, junto com outros sindicatos e entidades, para pressionar deputados e senadores a acabarem com o recolhimento ilegal dos 10% do FGTS que as empresas eram obrigadas a fazer. O movimento teve sucesso e, depois da aprovação na Câmara e no Senado, só falta a sanção Presidencial para que entre em vigor.

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Francisco Wagner de La Torre – Presidente do Sincopeças

Negociação salarial

Outra frente de trabalho importante é na negociação salarial, pois hoje os sindicatos laborais, que representam os trabalhadores, são muito bem estruturados e articulados e exigem muito.

Apesar do dissídio da categoria ser em novembro para a Capital e setembro para o Interior, desde março são feitas reuniões com esses sindicatos para expor os pontos de vistas dos comerciantes e as limitações para conceder aumentos e cláusulas sociais.

Segundo o Sincopeças é graças a essas negociações que as lojas do segmento podem abrir aos sábados à tarde, domingos e feriados.
Estrutura sindical

Francisco de La Torre cita esses casos como resultados da ação articulada do varejo através da Fecomercio – Federação do Comércio do Estado de São Paulo, que engloba 157 sindicatos ligados a comércio e serviços e da CNC, que engloba 27 Federações.

“Se você faz uma articulação conjunta com todas essas entidades, você consegue peso político”, ele explica, contando que por essa razão o Sincopeças busca ocupar todos os espaços políticos e de representação que existem no âmbito da estrutura sindical, federações e confederações.

Graças a essa postura, foi possível criar recentemente uma Câmara Automotiva no âmbito da Confederação Nacional do Comércio – CNC, onde agora é possível tratar em âmbito nacional as bandeiras que antes era tratadas só em âmbito estadual.

“Lá nos reunimos com outros vinte sindicatos de comércio varejista de peças e acessórios para veículos de outros estados, sob o guarda-chuvas da Confederação Nacional do Comércio. Isso dá maior peso e maior fluidez nas ações políticas dos sindicatos estaduais”, afirma de La Torre, contando que em breve todos esses sindicatos vão unificar as suas siglas para Sincopeças.

Um comentário

  1. Línea Larissa dos Santos

    Francisco Wagner de La Torre é presidente da empresa Loans cred soluções financeira

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