Décadas atrás, a Toyota tinha dificuldades para crescer no disputadíssimo mercado americano e percebeu que seria extremamente difícil desvincular a sua marca da imagem negativa que os consumidores americanos tinham dos carros japoneses na época.
As pesquisas indicavam que não adiantaria investir centenas de milhões de dólares em publicidade para mudar a opinião do tradicionalista consumidor americano médio de que os carros fabricados pelas marcas japonesas eram produtos inferiores e de design superado.
A solução encontrada foi continuar investindo no desenvolvimento do produto, principalmente em qualidade e design, mas, ao mesmo tempo, criar uma nova marca de carros de prestígio, sem mencionar de imediato onde os veículos eram fabricados ou a conexão com a Toyota.
O nome escolhido foi Lexus e, em vez de optar por começar por veículos menores e mais simples, os executivos da Toyota decidiram tomar o caminho inverso. Na época, as fábricas japonesas eram conhecidas por copiar produtos ocidentais, introduzindo melhorias e reduzindo o tamanho e o preço.
A Lexus tomou um caminho diferente: comprou dezenas de Mercedes-Benz topo de linha, despachou-os para o Japão e fez os seus engenheiros e técnicos desmontarem e montarem de novo os carros até conseguirem entender o que fazia com que eles fossem considerados veículos de qualidade excepcional e pudessem tentar fazer um outro semelhante.
Lançado em 1989, o LS400 ainda lembrava muito um Mercedes-Benz, mas foi essencial para que a imagem dos carros japoneses começasse a mudar no mercado norte-americano. A fórmula adotada pela Toyota, criando a Lexus, foi repetida pela Honda, com a marca Acura e pela Nissan, com a marca Infinity.
Do jipão ao crossover
Sete anos depois de lançar o seu primeiro carro, a Lexus anunciou o seu primeiro veículo de uso misto, categoria hoje mais conhecida como SUV. Ainda com jeito de jipão mas com comportamento 100% de carro, o LX 450 abriu caminho para novas gerações, que, aos poucos, foram incorporando características de utilitários.
Apresentada como o concept LF-NX no Salão de Frankfurt do ano passado e como modelo de pré-produção no Salão de Pequim deste ano, a nova geração de SUVs compactos da Lexus foi batizada de NX e chega preparada para bater de frente com modelos da concorrência, como a BMW X3, a Audi Q5 e a Mercedes-Benz GLK.
Baseado na plataforma usada pelo Toyota RAV-4, o Lexus NX tem um tamanho que garante mais agilidade para enfrentar o trânsito das grandes cidades, sem que isso implique em abrir mão de um bom espaço interno para oferecer o máximo de conforto para os ocupantes.
A fábrica apostou no estilo crossover, misturando traços característicos de carros de passeio a outros típicos de utilitários, sem esquecer uma boa dose de influência dos esportivos, que pode ser notada principalmente na parte dianteira da carroceria, que tem traços duros e agressivos.
Design marcante
Sem dúvidas, o detalhe mais marcante para quem vê um NX pela primeira vez é a enorme grade frontal angulada, que toma grande parte da frente do veículo e vai praticamente desde o spoiler até o capô.
Como os demais elementos da frente, ela é esculpida em baixo relevo. Observados individualmente, spoilers, faróis, lanternas, grade e demais elementos frontais podem parecer exageradamente agressivos e angulados, mas os designers da Lexus conseguiram integrá-los de modo harmonioso.
Em sintonia com as últimas tendências, os faróis e lanternas dianteiras e traseiras usam lâmpadas LED, embora no caso do farol alto elas sejam opcionais em alguns casos. O mesmo ocorre com os faróis de neblina com iluminação LED, que são programados para acender quando as setas são usadas.
A Lexus oferece o novo SUV em dois modelos, LX200 e NX300, com duas opções de motores a gasolina e uma híbrida, todas com cinco opções de acabamento, inclusive uma esportiva.
No mercado americano só serão oferecidas as versões híbrida e com motor 2.0 de quatro cilindros movido a gasolina com um duplo turbo – compressor. Na China e Rússia, o NX também contará com o motor a gasolina aspirado.
Detalhes internos avançados
Dentro da cabine, o Lexus LX tem detalhes que chamam a atenção de quem mexe com acessórios automotivos. É o caso, por exemplo, do novo tipo de luzes de leitura e de teto, acionadas por toque, dispensando o uso de botões.
No console central, a atração é o touchpad batizado de Remote Touch Interface (RTI), que substitui o joystick usado em outros modelos da Lexus. Semelhante aos touchpads oferecidos em notebooks, ele tem até um apoio ergonômico para o pulso.
Com controle similar ao popularizado por tablets e smartphones, ele permite controlar uma série de funções e informações exibidas em uma tela LCD colorida, batizada de Multi Information Display (Display Multi-Informação) instalada na parte superior central do painel.
Ainda no painel chamam a atenção os ponteiros iluminados no velocímetro e conta-giros e o relógio analógico redondo. Outra novidade que merece registro é o carregador indutivo sem fio padrão Qi embutido no console, que permite recarregar smartphones sem necessidade de uso de cabos.
Por: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Divulgação