Quant e-Sportlimousine – Desafiando preconceitos

Quando se fala de carro, existem alguns conceitos que são muito difundidos. Por exemplo, um sedan se entende como um carro mais conservador, de três volumes e quatro portas. Já um cupê se percebe como um carro de duas portas e estilo um pouco menos conservador que um sedã.

Quando se diz que um carro é esporte ou esportivo, se entende que é um carro com características e desempenho mais avançados, próprio para a prática de esportes ou para uma condução mais esportiva, normalmente com espaço para só duas pessoas. E quem ouve falar em uma limousine já pressupõe que seja um carro mais longo, formal e luxuoso. Certo?

Estava certo até chegar um fabricante e bagunça tudo ao apresentar no Salão de Genebra do mês passado um belo carro que subverte todos esses pré-conceitos começando pelo nome, que indica que ele é esportivo e limousine ao mesmo tempo.

Que é elétrico, tem uma potência equivalente a 900hp, promete um desempenho de supermáquina e ainda por cima usa revolucionárias baterias elétricas que usam água salgada como “combustível”.

Como se isso não bastasse, o Quant e-Sportlimousine ainda faz questão de detonar outro pré-conceito, o de que carros elétricos são ótimos para a ecologia mas decepcionam no quesito desempenho.

Ainda em estágio de concept, o carro apresentado no mês passado em Genebra já mostra resultados para muito esportivo italiano ou alemão botar as barbas de molho: nada menos que 2,8 segundos para acelerar de 0-100 km/h e uma velocidade máxima estimada em 380 km/h.

Estilo delicadamente marcante

 

É difícil encontrar adjetivos para descrevê-lo. Por fora ou por dentro, as linhas e detalhes atraem os olhos e são de deixar o queixo caído. Cada traço parece ter sido cuidadosamente pensado e avaliado para compor um todo que marca pela fluência e pelo equilíbrio, mas sem deixar de remeter à velocidade.

Ao contrário de alguns superesportivos que mais lembram aviões de combate, verdadeiras lâminas projetadas para cortar o ar, com traços propositadamente brutos, ele tem linhas mais comportadas e delicadas, mas inegavelmente belas e esportivas.

Confira nas fotos os traços da frente, com as grandes entradas de ar laterais com frisos que, delicadamente, dão perspectiva e movimento. Ou os da traseira, com a luz de posição central posicionada verticalmente, remetendo às dos bólidos da Fórmula Um.

Ou às belas portas estilo asa de gaivota que dão acesso aos assentos individuais dianteiros e traseiros e à genial faixa vermelha que sai das laterais e cruza o teto, impondo uma distinta marca contrastante na sóbria pintura monocromática.

Ou então ao interior, onde se destacam o enorme monitor digital colorido que abrange toda a extensão do painel de instrumentos, de porta a porta, ou os delicados fios de LED que delineiam toda a cabine e lhe dão um aspecto definitivamente futurista.

Um salto tecnológico

Por trás do Quant e-Sportlimousine está Nunzio La Vecchia, um genial cientista suíço que desde 1991 se dedica à pesquisa de tecnologias de energia alternativas. Em 2008, ele entrou com o pé direito na indústria automotiva ao fechar uma parceria com a fabricante de ultra-esportivos holandesa Koenigsegg para desenvolver um esportivo com motorização alternativa, que foi apresentado no Salão de Genebra de 2009.

Nascia a primeira versão do Quant. Desde então, La Vecchia se dedicou a resolver os principais problemas dos carros elétricos, como as caras e pesadas baterias, com séria limitação de armazenamento de energia, que acabam limitando a autonomia e o desempenho dos veículos.

 A solução encontrada foram as baterias de fluxo, aperfeiçoadas por La Vecchia numa solução diferenciada que ele batizou de Nanoflowcell. Embora haja outros projetos de usar baterias de fluxo para fins veiculares, o Quant é o primeiro veículo a utilizá-las.

Em vez de baterias seladas, a solução adotada adota uma bateria que utiliza uma mistura chamada simplesmente de “água salgada” pela fábrica, mas que também inclui diversos sais metálicos e outros ingredientes.

Armazenada em dois tanques separados de 200 litros de capacidade, a solução, em versões com alta e baixa carga de íons, é depois bombeada para a bateria propriamente dita, onde o contato entre as duas soluções gera energia, que então flui para dois supercapacitores e depois alimenta quatro motores de três fases instalados em cada uma das rodas.

Embora tecnicamente complicada, a solução permite alto aproveitamento energético, permitindo que o carro tenha uma autonomia de 400 a 600 quilômetros e um desempenho similar ao de um carro de competição.

Além disso, em vez de ter de ser recarregado numa tomada – o que muitas vezes exige horas – os dois tanques de solução do Quant e-Sportlimousine podem ser reabastecidos facilmente, como fazemos com um carro movido a gasolina, álcool ou diesel.

Embora ainda vá demorar algum tempo para podermos ver uma beleza dessas à venda, La Vecchia já fechou uma parceria com a Bosch Engineering para acelerar a entrada do modelo em produção e pretende colocar ainda este ano alguns modelos de pré-série em testes. Vai valer a pena esperar!

 

Por: Amadeu Castanho Neto

Fotos: Divulgação