Aproveitando o período em que o mercado mais sentiu os efeitos negativos da crise econômica, a empresa investiu no reforço e modernização da sua estrutura, em exportação e no desenvolvimento de novos produtos
Localizada em São Bernardo do Campo, junto à conhecida Via Anchieta e bem em frente à enorme fábrica da Volkswagen, a sede da Tury Acessórios foi o destino da AutoMOTIVO no mês passado. Conversamos com o diretor Daniel Turi e com o gerente comercial Ari Pavezzi, que nos receberam com muitas novidades. A primeira delas é que em breve a empresa estará em novo endereço, a algumas centenas de metros do atual. “Acreditamos em dias melhores e decidimos iniciar a construção da nova fábrica. Todos os projetos já estão na Prefeitura para obtermos o Alvará de Construção, a construtora já foi contratada e estamos na iminência de começar as obras. Dentro de um ano e meio deve estar tudo pronto para nos mudarmos”, revela.
A nova sede vai ter 5.000 m2 de área construída, contra 2.800 m2 da fábrica atual, onde a empresa está há 22 anos. Segundo Daniel, as instalações atuais estão no limite e, embora comportem sem problemas as atuais linhas de produção e os 110 funcionários da Tury, não permitem que ela cresça mais. “As novas instalações, que serão super-modernas, seguindo os conceitos mais recentes, estão dentro de uma visão otimista de negócios”,complementa.
Crescendo com a crise
Segundo ele, 2016 tem permitido perceber uma melhora em relação a 2015. ”Os últimos anos foram muito bons para a Tury, que cresceu ano a ano até 2015, quando regredimos quase dois anos em termos de resultados”, conta.
“Em 2015 perdemos em volume de produtos vendidos e em faturamento, mas, em contrapartida, ganhamos em participação de mercado. O mercado como um todo diminuiu, mas percebemos que conseguimos aumentar o nosso share mesmo com esse mercado retraído, graças à fidelidade dos clientes à nossa marca”, ele explica.
Para o diretor da Tury, a retração econômica que impacta o mercado de acessórios logo vai passar. “O Brasil é um país muito estruturado para suportar crises como essa e a Tury tem estrutura para suportar com folga todo esse período. Na verdade, aqui na empresa não podemos nem considerar esse período como de crise. Demos uma desacelerada mas já recuperamos. Por isso tocamos em frente os planos de construção da nova fábrica”.
Dentro da mesma visão, a Tury, que já tem certificação ISO 9.000, agora está investindo na certificação ISO 14.000, que foca em gestão ambiental. Segundo Daniel, a empresa se beneficiou muito com a certificação, que levou a mudanças de cultura.
“Por mais que o mercado possa estar retraído agora, nós acreditamos no futuro. Levamos a ISO 9.000 a sério e fizemos que isso funcionasse a nosso favor. A gestão da qualidade implicou na modernização e aperfeiçoamento da gestão da empresa em função das políticas de controle de qualidade da norma. Agora é a vez de investir na ISO 14.000, que é uma base para, mais tarde, obtermos certificação RoHS para nossos produtos e passarmos a atender à norma ISO/TS 16.949, das montadoras”, afirma.
Desde o último dia 9 de julho está em vigor em todo o País a Lei 13.290, que tornou obrigatório o uso do farol baixo ao trafegar em rodovias e túneis, mesmo quando houver iluminação pública no trecho.
Com multa de R$ 85,13 e perda de quatro pontos na carteira de habilitação para quem anda com o farol apagado, rapidamente a nova norma legal se tornou uma das campeãs da arrecadação de multas em todo o Brasil. A situação se complica ainda mais a partir de novembro, quando o valor da multa será reajustado para R$ 130,16.
De olho no imenso potencial desse mercado, a Tury está lançando um novo produto, especialmente criado para evitar que o motorista seja multado. A empresa oferece desde modelos mais simples, que disparam um aviso sonoro quando o farol baixo não estiver ligado, até mais completos, que acendem o farol automaticamente quando o carro é ligado, fazem o monitoramento das lâmpadas de faróis e lanternas e ainda incluem a função follow me home, antes oferecida como um produto separado. Esta função, acionada pelo motorista através de um toque na alavanca de setas antes de trancar o carro, mantém o farol baixo aceso por quatro minutos, iluminando o interior da garagem ou o caminho até a porta de entrada da casa. Isso aumenta a segurança, permitindo que o motorista e sua família enxerguem objetos ou mesmo pessoas escondidas pelo caminho.
Evitando infrações médias e graves
Ari Pavezzi lembra que, além de substituir relês improvisados que não temporizam e sobrecarregam o sistema elétrico, podendo até queimar lâmpadas do carro, esse modelo mais completo pode economizar muito mais dinheiro para o motorista.
“Enquanto trafegar com farol apagado em estradas ou túneis é uma infração média, com a multa de R$85,13 (R$130,16 a partir de novembro) e 4 pontos na carteira de habilitação, uma lâmpada de farol queimada ou apagada, que é algo que ocorre com frequência muito maior, é considerada uma infração grave, que além de 6 pontos na carteira, ainda gera uma multa de R$127,69 (R$ 195,23 a partir de novembro)”, ele explica.
Tecnologia e gestão
De acordo com Daniel, a empresa também tem investido em tecnologia e gestão. “Nos últimos anos, a Tury vem lançando vários produtos e tecnologias novos e isso fez com que os efeitos da crise não fossem tão sentidos neste período. Esses lançamentos vão continuar. Temos vários coringas guardados na manga para apresentar, inclusive em áreas onde nós não atuávamos antes. Vamos apresentar coisas novas, como já fizemos neste ano com o lançamento na linha de retrovisores com o tilt down”.
“Também temos investido na nossa estrutura interna, em pessoal. Mesmo com o mercado retraído não demitimos ninguém, pelo contrário, contratamos. Estamos aprimorando sistemas de gestão, ERP, estamos conseguindo chegar no nível de gestão que sempre gostaríamos de ter. Aperfeiçoamos o sistema de compras de materiais, a visão sistêmica de gestão financeira. Hoje temos gerentes de Compras, Controladoria, Exportação. Estamos conseguindo gerir a empresa de uma forma mais profissional no que diz respeito a gestão de custos e a uma série de procedimentos”, continua.
“Investimos em contratações no setor comercial, promotores, Marketing, em viagens por todo o Brasil e fizemos mais de 50 treinamentos só no primeiro semestre. Vamos desenvolver videos educacionais para ajudar os instaladores e estamos com um site novo, muito moderno, que também funciona como um aplicativo, cujo desenvolvimento exigiu um ano de trabalho. Investimos bastante em Engenharia e em desenvolvimento de tecnologia e de novos produtos. Em resumo, todas as nossas áreas se expandiram muito”, ele complementa.
Exportação
Segundo Daniel Turi, as vendas para o mercado externo são outro foco de atenção da empresa. “As exportações têm recebido a nossa atenção há algum tempo. Nós nos estruturamos bastante, eu viajei muito e hoje temos uma equipe interna com um gerente e um analista cuidando só desse canal. Há dois anos vimos investindo com afinco nisso, estamos com negócios em praticamente todos os continentes, temos fechados boas vendas, conseguimos parceiros fiéis nos principais mercados, mas isso ainda não representa tudo que sabemos que pode ser atingido”, explica.
“Esses não são ainda negócios que sustentam a empresa, mas eles nos fazem ter otimismo. A venda do nosso tipo de produto para outros países é muito delicada e trabalhosa. Tivemos de adaptar completamente os nossos produtos”, complementa.
Ele faz questão de ressaltar a complexidade do trabalho desenvolvido: “Para chegarmos até este ponto foi preciso investir muito em pesquisa e desenvolvimento (P&D), mandando para o Exterior equipes que ficaram nos nossos parceiros no Exterior examinando carros que nós não temos no Brasil, ou mesmo carros que temos aqui e que lá fora são completamente diferentes, e fazendo as adequações necessárias. A Honda HR-V, por exemplo que aqui já vem equipada, lá fora é vendida sem módulos de vidro. O mesmo acontece com o Tracker, da GM”.
Busca pela melhoria é parte do DNA
Os executivos da Tury enfatizam que a busca pela melhoria faz parte do DNA da empresa, seja na solução de problemas ou no investimento no futuro, como no caso da nova fábrica, das novas tecnologias, das exportações, do aperfeiçoamento dos processos ou das novas certificações. “Quando aparece uma reclamação, o foco não é só de resolver o problema, mas de erradicar as suas causas. É preciso entender por que aquele problema aconteceu e erradicar o que o causou para que ele não venha a se repetir, seja mudar o treinamento, criar novos procedimentos ou contratar alguém”, explica Airi.
“Isso não é encarado como gasto, mas como investimento e ao longo do tempo tem provado que tem retorno certo em fidelização de clientes, elogios, na satisfação dos nossos distribuidores. Nossa postura é de estar sempre de olhos e ouvidos muito abertos e jamais esconder qualquer deficiência embaixo do tapete”, complementa Daniel.
Segundo eles, um outro exemplo dessa busca pela melhoria são os novos manuais de instalação, extremamente detalhados e cuidadosamente ilustrados para permitir que até mesmo quem não tem intimidade com o produto faça a instalação.
Um problema indica caminho para a melhoria
Daniel conta que em uma das suas viagens buscando novos mercados, um cliente pediu que ele instalasse um dos produtos da Tury ali mesmo. A experiência mostrou que o manual precisava ser mais detalhado e acabou gerando as novas versões, com muitas ilustrações, diagramas e fotografias, que passaram a acompanhar todos os produtos, tanto os destinados à exportação quanto aos vendidos no Brasil.
Segundo ele, no caso do Brasil, a empresa conta com quatro pessoas dedicadas apenas ao suporte técnico, mas é cada vez maior o número de consumidores finais que compram produtos da empresa através de e-commerce, então os manuais precisam ser cada vez mais detalhados, didáticos e bem ilustrados. “O pós-venda é parte essencial da nossa cultura, seja para os instaladores ou para os vendedores dos nossos clientes e isso se reflete nos treinamentos”, afirma.
Por isso, novos workshops de treinamento estão sendo desenvolvidos, com ênfase nas novas tecnologias, com as quais vendedores e instaladores ainda têm pouca intimidade. Daniel dá como exemplo o fato de muitas lojas ainda não conseguirem perceber o potencial de vendas dos controles de retrovisores com tilt down, que podem evitar danos a rodas de liga leve. Outro ponto a ser abordado é a parte financeira, mostrando as oportunidades de venda que muitas vezes são perdidas. Uma programação de workshops está sendo preparada para abranger os principais mercados.
Tecnologias
Atualmente, as novas tecnologias têm participação cada vez maior na linha de produtos da Tury. A de antiesmagamento, por exemplo, introduzida pela empresa em 2012 e que passa a ser obrigatória no próximo ano, hoje já representa quase 70% das vendas de módulos de vidro.
Essa mesma tecnologia tem participação importante na linha Park, de módulos para rebatimento de retrovisores, que graças ela ganharam a função tilt down e se tornaram mais precisos e robustos. Hoje essa linha já conta com sessenta modelos diferentes, inclusive um para o Toyota Corolla, que agrega três funções: rebatimento, tilt down e controle de vidros.
Foco no consumidor
Como parte dos planos que estão sendo implementados pela empresa, está uma mudança na estratégia de comunicação, com maior foco no consumidor final, principalmente no que diz respeito à divulgação de produtos que agregam novas tecnologias.
A ideia é fomentar mudanças de cultura, fazendo que o consumidor entenda os benefícios dos produtos e vá procurá-los nas lojas especializadas, que, por sua vez, irão se abastecer nos distribuidores de acessórios.
Texto: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Equipe AM