Varejo em foco – Avenida Duque de Caxias

Tradição na Avenida Duque de Caxias

A Avenida Duque de Caxias é uma das mais movimentadas do bairro de Santa Cecília, na região central da cidade de São Paulo/SP, e também um grande centro comercial. É famosa pelo comércio de acessórios automotivos, principalmente os especializados em pick-ups e utilitários, como capotas, protetores de caçamba, estribos, pisantes, racks, bagageiros, entre tantos outros.

Durante muitos anos, inclusive, a avenida foi tomada como referência neste tipo de acessório para o país inteiro. As tendências em produtos, chegavam primeiro na Duque, e os lojistas espalhados pelo Brasil que buscavam novidades, iam até lá para buscar. Atualmente, com a tecnologia e o crescimento deste mercado em diversas regiões do país, a avenida não é mais tão procurada por pessoas de outros estados, mas no Estado de São Paulo, continua sendo referência.

Loja destoa do mercado de pick-ups para atender bem na região

Celino (dir.), proprietário da Toposom

Há 16 anos no mesmo local e hoje com dois funcionários, a Toposom passou por algumas mudanças ao longo dos anos, mas a principal foi o tipo de acessório ofertado na loja. “Hoje, o que eu mais vendo é película de vidro e engate, mas também sai bastante alarme e som”, afirma Celino Aguiar.

Por estar num reduto de lojas que atendem ao público de donos de pick-ups, Celino afirma que para ele há uma certa dificuldade em concorrer com as outras lojas dedicadas a este público, por isso o seu foco, na maioria dos casos, é o carro popular. “Atendemos um público masculino e maior de 30 anos. Com menos idade é difícil encontrar algum cliente com dinheiro para investir no carro”.

A tecnologia agregada aos automóveis mais modernos é uma tendência que lojista identifica, mas não considera um problema quanto a opção de produtos a oferecer. “Ainda tem muito carro saindo da fábrica e deixando muitos itens de fora. Sempre que o cliente entra na loja há um produto que o carro dele não tem”. Fora o aumento de seminovos, que segundo Celino tem procurado muito a loja devido as facilidades no pagamento oferecidas. “Só conseguimos oferecer essas facilidades de crédito, pois pesquisamos preço e prazo de entrega em vários distribuidores”, finaliza.

Investimento em treinamento e especialização em pick-ups fazem sucesso em pouco tempo

Washington, gerente da AutoABA

Há pouco tempo, dois anos na Duque, a AutoABA se tornou a segunda maior loja da região pela experiência dos sócios que advém de lojas mais antigas. Atualmente com loja física e o e-commerce somam 30 funcionários. “Nosso atendimento é especializado em pick-up, mas devido a divulgação da loja online atraímos hoje todo tipo de veículo, tanto popular, médio, e as pick-ups. Um exemplo, é o atendimento do Corolla, que cresceu nos últimos meses”, conta Washington Cardoso.

A equipe de instaladores da loja hoje está redonda, segundo Washington, mas deu trabalho para ser formada. “A oferta de treinamento ajuda muito, não só o técnico, mas o de venda também. As vezes um detalhe que ouvimos lá, ajuda no argumento de venda. Também investimos no pessoal, como a gente tem uma equipe grande, no mês passado a gente fez um de bem-estar e saúde, como o cara tem que se cuidar e foi muito legal”, conta o gerente que também já participou de treinamentos da Tury, Montecarlo e Danfab.

Para Washington, a grande dificuldade da loja não é um problema de mercado e nem interno. “Hoje a Duque de Caxias sofre com a degradação e abandono público do entorno. Ainda não tem atrapalhado tanto, e o movimento da loja se mantém, mas temos nos preocupado com essa questão”, afirma. Já o fato dos carros saírem mais equipados das concessionárias não afeta as vendas na AutoABA: “Sempre temos algo a oferecer. A concessionária não consegue fazer tudo, fora que os preços altos afastam os clientes deles, que automaticamente nos procuram, por já saberem que trabalhamos com acessório original, o que mantém a garantia do veículo”.

Uma tendência interessante percebida por Washington é o aumento dos carros de pessoas com deficiência, conhecido como PCD. “Esses veículos deram uma levantada no mercado, tanto que quando ficamos sabendo que alguma marca vai ser disponibilizada para PCD, já procuramos saber mais sobre o veículo para oferecer mais produtos”, explica.

Especializada em Pick-ups, a loja investe na internet e na parceria com fornecedores

Marcos, proprietário da DK136

Há 19 anos da Duque de Caxias, a DK136 é a loja especializada em pick-up a mais tempo na região. Com 20 funcionários, a loja que atende principalmente pick-ups, viu o segmento de SUVs crescer na loja nos últimos anos. “Investimos muito na divulgação da loja, o domínio pick-up.com.br, por exemplo, é nosso. Temos canal nas mídias sociais e tanto a DK 136, quanto a Auto330 que também é nossa loja, tem bastante visibilidade e atrai muitos clientes desse setor”, explica o proprietário Marcos Cordeiro, e ainda completa: “Nossa equipe de instaladores é bem antiga, procuramos treinar, preparar um café da manhã para a equipe, incentivar e por isso é difícil abalar nossa base”.

Marcos percebe que a busca por multimídia, conectividade tem crescido cada vez mais, alguns modelos que não saem de fábrica com esse tipo de acessório, ou com algum que não seja tão moderno, abre espaço para o cliente buscar a loja para instalar. “O cliente abre mão de roda, para ter praticidade e conforto! Mas outro setor que tem crescido na loja são os PCDs (carros adaptados à pessoas com deficiência)”.

Como a DK136 é uma loja grande e especializada, acaba comprando volume de acessórios para pick-ups, o que abre o espaço para a compra direta com o fabricante. “Procuramos trabalhar com as melhores marcas, até porque já somos conhecidos e precisamos ofertar o que há de melhor no mercado. Todos os que vendem produtos originais, trabalham conosco. Mas a escolha da marca que vamos nos tornar parceiros, é o próprio mercado quem indica”, explica.

Marcos ainda afirma, que quando chega uma marca nova no mercado, eles procuram esperar um pouco para que essa marca se consolide e possa competir com os outros de igual para igual.

Como somos muito fortes na internet, acabamos por divulgar a marca dos nossos parceiros, nos tornamos formadores de opinião no setor de pick-ups e é preciso muito cuidado na hora da escolha das marcas que vamos vender. Porque somos fieis as marcas com as quais trabalhamos, para deixarmos de trabalhar, só se acontecer algo sério como a mudança de política da fábrica ou ainda a marca quebrar”, finaliza.

Manutenção de acessórios se tornou forte da loja

Júnior, proprietário da Super Som

Desde 1982 na Duque, hoje a Super Som conta com três funcionários. E para Armando Júnior, o mercado de acessórios está em constante mutação. Para a Super Som, também não é vantagem focar no público de pick-ups, já que há lojas tradicionais na região focadas neste público. “Hoje atendemos de carros populares a premium, e o perfil do cliente é bem diferenciado, de homens a mulheres acima de 30 anos. Acredito que o jovem de hoje não é tão apaixonado por carro como o de antigamente”.

O forte da loja é o acessório que proporcione conforto e tecnologia ao cliente. “Trabalhamos muito com multimídia, sensor de estacionamento, módulos e alarmes. Mas identificamos uma tendência que acredito aumente ainda mais, que é a manutenção do acessório. Hoje 80% do movimento da loja vem de serviços de manutenção de acessório. E como temos uma boa equipe de instaladores, somos muito bem indicados”.

Outro fator que explica essa tendência, é o fato da economia ter levado o consumidor do seminovo a buscar mais as lojas de acessórios para dar um up nos produtos que ele já possui.

Como a concorrência hoje está muito acirrada, principalmente com a oferta de produtos na internet, a loja trabalha com vários distribuidores. “Buscamos variedade de produtos, atendimento, mas hoje o preço tem sido mesmo diferencial para vencermos a concorrência com a internet e venda direta”. Outro diferencial da loja é o de sempre estar participando de treinamentos. “A Pósitron e Olimpus sempre nos convidam, mas ainda existe pouca oferta por parte das fábricas”, finaliza.

Texto: Denise Andrade e Felipe Negri
Imagens: Equipe AM