Em que estados o mercado de equipamentos de som e acessórios automotivos oferece mais oportunidades de negócios? Esse ainda é um mercado em expansão? Será que convém passar a oferecer acessórios para motos na minha loja? Para chegar a uma resposta para essas questões é preciso fazer uma análise considerando uma série de dados.
Uma das fontes de dados interessante a esse respeito é o estudo “Indicadores de Mobilidade Urbana da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012”, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
Os estudos do Ipea costumam ser usados para planejamento de obras e investimentos públicos. Nesse estudo, por exemplo, são utilizados dados obtidos em pesquisas do IBGE para analisar o aumento acelerado da taxa de motorização da população.
A justificativa é de que um número maior de veículos privados nas ruas significa mais acidentes de trânsito e maior poluição veicular, além de perda de tempo em função dos congestionamentos nos centros urbanos.
Informações relevantes
A análise dos dados coletados revela informações relevantes, como o fato de que mais da metade dos domicílios do país já conta com um veículo. Segundo o estudo, 54% das residências de todo o Brasil já têm pelo menos um automóvel ou uma motocicleta para uso de seus moradores.
Um dado animador incluído no estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada é que a perspectiva é de que esse número aumente ainda mais nos próximos anos. Trocando em miúdos, mais brasileiros terão os seus próprios carros e motos.
Como conseqüência, com uma base maior de veículos para serem equipados, o mercado brasileiro de equipamentos de som e acessórios automotivos deve se expandir. Certamente ainda há muito espaço de crescimento e, apesar dos altos e baixos, estamos muito distantes de uma situação de estagnação ou diminuição do mercado.
Uma análise mais atenta dos dados apresentados no estudo revela resultados interessantes. Por exemplo, São Paulo, o estado mais rico do país e o que tem a maior frota, não é o que tem o maior número de domicílios com veículos. Nesse quesito, o estado fica apenas com o oitavo lugar.
Minas Gerais, dono da segunda maior frota, figura só no décimo – terceiro lugar da lista quando se analisa a posse de veículos por domicílio, enquanto que o Rio de Janeiro, que tem a terceira maior frota de automóveis, amarga apenas o vigésimo – primeiro lugar.
Ao contrário do que se poderia acreditar, os estados com maior concentração de veículos por domicílio não estão só na região Sudeste ou na Centro Sul. A lista dos dez estados com maior taxa de motorização por domicílio abrange quase todas as regiões do país. Só os estados do Nordeste ficam de fora.
Santa Catarina, Rondônia, Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, São Paulo, Roraima, Goiás e Rio Grande do Sul são, pela ordem, os dez estados com maior concentração de carros e motocicletas por domicílio.
Maior concentração de frota
O primeiro colocado nesse quesito é o estado de Santa Catarina, onde 74,3%, ou seja, praticamente três quartos dos domicílios, possuem um veículo. O estado também é líder no que diz respeito à posse de carros, presentes nas garagens de 68,7% dos seus domicílios.
Rondônia surpreende ao figurar no estudo como a segunda unidade da federação com maior número de domicílios com posse de veículos. Nada menos que 68,2% dos domicílios do estado possuem um carro ou motocicleta.
Mato Grosso e Paraná aparecem em terceiro e quarto lugar, com 67,9% e 67,7% dos domicílios, seguidos por Mato Grosso do Sul (66,7%), Distrito Federal (64,1%), Roraima (63,7%) e São Paulo, também com 63,7%.
No outro extremo do ranking ficam doze estados que têm um veículo particular em menos da metade de seus domicílios. Alagoas, com apenas 32%, tem o menor índice de motorização e Amazonas, com 33,8%, é o penúltimo colocado.
Bahia, com 36,1%, Amapá (36,3%), Pará (36,5%), Pernambuco (38,4%), Rio de Janeiro (40,9%), Maranhão (41,0%), Sergipe (43,0%), Ceará (45,2%), Acre (46,9%) e Paraíba (47,6%) complementam a lista dos estados em que a motorização atinge menos de 50% dos domicílios.
Frota de carros
Quando se considera apenas a frota de carros, o primeiro colocado no ranking do Ipea ainda é Santa Catarina, mas as posições seguintes apresentam grandes mudanças.
O Distrito Federal, onde 61,7% dos domicílios têm um carro, é o segundo colocado, seguido por Paraná (61,5%), São Paulo (59,2%), Rio Grande do Sul (56,0%), Mato Grosso do Sul (50,3%), Goiás (49,2%), Minas Gerais (45,7%), Mato Grosso (44,4%) e Espírito Santo (44,3%), que é o décimo melhor colocado na lista.
No outro extremo ficam o Maranhão, onde apenas 13,5% dos domicílios têm um carro, Pará (15,4%), Alagoas (16,8%), Piauí (18,3%), Ceará (20,7%), Amazonas (21,4%), Bahia (21,6%), Sergipe (23,9%), Pernambuco (24,0%) e Acre (24,0%).
O estudo registra que o automóvel continua sendo o principal veículo de posse das famílias. Ele está presente em 45% dos lares urbanos, enquanto que na área rural, esse número cai para 28%.
No período de 2008 a 2012, o percentual de domicílios que possuía automóvel ou motocicleta subiu nove pontos percentuais, de 45% em 2008 para 54% em 2012, sendo que foram as motocicletas que registraram o maior crescimento nesse período.
Frota de motocicletas
É importante observar que na área rural o índice de posse de motocicletas supera o de carros, alcançando 33%, quase o dobro do percentual registrado nas áreas urbanas.
As motos já estão presentes em cerca de 20% dos lares brasileiros e esse percentual que tende a crescer rapidamente, principalmente nas camadas mais pobres, em função dos preços mais baixos dos modelos de baixa cilindrada.
O estado com maior presença de motocicletas por domicílio é a Rondônia, onde 48,5% das residências têm um veículo desses, contra apenas 33,8% dos domicílios com um carro na garagem.
Piauí, com motos em 47,8% dos domicílios, Roraima (41,9%), Mato Grosso (38,6%), Tocantins (38,0%), Maranhão (31,2%), Mato Grosso do Sul (30,8%), Ceará (30,2%), Acre (30,1%) e Rio Grande do Norte (29,8%) completam a lista dos 10 estados com maior incidência de motocicletas.
Por: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Arte AutoMOTIVO