No final da década de 80, Ayrton Senna e a sua McLaren Honda reinavam na Fórmula 1. O relacionamento de Senna com os japoneses, que forneciam os quase imbatíveis motores à equipe McLaren, era muito próximo. Os engenheiros adoravam Ayrton, que era capaz de conversar com eles de igual para igual quando o assunto era carro.
De uma dessas conversas nasceu a ideia de criar um carro que tivesse as características que o piloto considerava mais importantes, principalmente na interação homem-máquina, permitindo que o carro reagisse de acordo com o desejo do quem estivesse ao volante e não que quem estivesse ao volante tivesse de se adaptar para “domá-lo”.
As ideias do piloto foram transformadas em realidade com o Honda NSX, lançado no Salão de Chicago de 1989, com um design que misturava elementos que lembravam tanto alguns modelos mais retilíneos da Ferrari quanto os do Corvette.
Como presente pela sua preciosa colaboração, Ayrton ganhou da montadora japonesa três exemplares do NSX, dois pretos e um vermelho, um dos quais está no Brasil na fazenda que o piloto tinha no interior do estado de São Paulo.
O modelo teve uma vida relativamente longa, sendo tirado de linha em 2005, depois de quinze anos no mercado e 18.000 unidades vendidas.
Vinte anos depois, após ser mostrada desde 2012 apenas como concept nos stands da empresa nos principais salões do mundo, a nova versão de produção do NSX foi finalmente apresentada no Salão de Detroit deste ano, desta vez com propulsão híbrida, como exigem os novos tempos. Como a Honda não é considerada uma marca premium no mercado norte-americano, o NSX levava a marca Acura, divisão topo de linha da Honda.
No recente Salão de Genebra, a montadora japonesa apresentou para o mercado europeu o NSX com a sua marca. Na ocasião, o líder do projeto na montadora comentou que o desenvolvimento do modelo foi baseado em anotações do próprio Senna, que certamente iria aprovar o resultado final.
Com visual agressivo, o novo NSX é um verdadeiro imã, que atrai olhares seja parado ou em movimento. A carroceria é moldada majoritariamente em fibra de carbono, enquanto que o chassi inovador mistura elementos de alumínio, aço leve de alta resistência e diversos outros materiais leves e muito resistentes, alguns dos quais a Honda informa que serão usados pela primeira vez em um modelo produzido em série.
Posicionado no centro do carro, o motor é um V6 biturbo a gasolina, dotado de injeção direta, câmbio de nove velocidades com dupla embreagem e três motores elétricos com o sistema Sports Hybrid. Um deles fica na traseira e reforça a potência do motor a gasolina e os demais atuam sobre cada uma das rodas dianteiras.
A potência disponível é de 550 cavalos. Para melhor transmiti-la para o asfalto, a tração é integral, com mapeamento ajustável que permite que ela seja de até 70% na traseira ou dianteira.
O motorista poder escolher entre quatro modos de pilotagem, indo do Silencioso, com propulsão 100% elétrica, até o Pista (Track), em que os motores elétricos ajudam o V6 a gasolina para assegurar o máximo de desempenho.
O NSX tem 4,47 m de comprimento, 1,94 m de largura e só 1,21 m de altura, pouco mais do que o Ford GT. Provavelmente vamos ter de nos contentar em vê-lo apenas em viagens ao exterior, nas páginas das revistas ou pela internet, exceto caso algum consumidor abonado e ousado resolva fazer uma importação independente, pois dificilmente a Honda deve trazê-lo oficialmente.