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O que podemos esperar de 2016?

2016

Embora para muitos tenha parecido que talvez isso nunca fosse acontecer, 2015 finalmente ficou para trás. Apesar dos apertos e problemas enfrentados, agora nos vemos diante de um novo ano. O que será que podemos esperar de 2016?

Eu adoraria lhe dar boas notícias e garantir um cenário maravilhoso, mas não vou conseguir fazer isso. Em primeiro lugar, porque ainda não consigo enxergar com clareza o ano que começa.

Revistas têm um processo industrial que exige muita antecipação, então escrevo esta análise na segunda semana de dezembro e, a esta altura, não há como saber como vai ficar a situação política do País e, consequentemente, a situação
econômica em 2016.

Depois de fazer muitas consultas, o que é possível dizer é que, no que diz respeito ao desempenho da indústria automotiva no Brasil, este ano deve ser muito parecido com o ano passado.

2015, um ano difícil

E como foi 2015? Sem dúvida alguma, foi um ano bem pior que os anteriores. A indústria automotiva acabou emplacando cerca de 20% menos veículos do que em 2014, com forte retração no segmento de veículos de entrada, já que as classes C e D foram as mais atingidas pelos resultados da política econômica desastrosa do Governo Federal.

No que diz respeito ao mercado de equipamentos de som e acessórios automotivos, o mínimo que se pode dizer é que foi um ano difícil. Os lojistas, mais próximos dos consumidores, foram os primeiros a tirar o pé do acelerador, diminuindo os pedidos nos distribuidores especializados. Os voltados para um público de menor poder aquisitivo enfrentaram mais dificuldades que os demais.

Os importadores foram obrigados a encarar os reflexos de um aumento de custos de mais de 50% em função da valorização do dólar em relação ao real, o que, no início, afetou duramente quem precisou repor estoques e, depois, todos os demais.

Já os fabricantes de um modo geral tiveram um ano duro. Os com produtos voltados para veículos populares, menos sofisticados e com pouca diferenciação em relação à concorrência foram os mais atingidos.

Os com produtos mais sofisticados e com maior valor agregado apostaram em lançamentos para atrair os consumidores com maior poder aquisitivo. Mesmo assim, foi um ano que teve de ser vencido mês a mês.

Quem privilegiou o fornecimento para as montadoras viu os pedidos escassearem. No entanto, apesar dos muitos boatos e comentários, não houve quebradeira ou fechamento de empresas.

De modo geral, o que se observou foram empresas racionalizando a operação, enxugando a folha de pagamentos, postergando investimentos programados, tomando maior cuidado com as compras e também com a seleção de clientes.

Como será 2016?

E 2016, como é que vai ser? O que nos espera nos doze meses deste ano? Acredito que isso, antes de mais nada, vai depender muito do que vai acontecer com o Governo Federal, responsável pela condução da política econômica do País. Se o atual Ministro da Fazenda continua (até o momento, Joaquim Levy ainda é o Ministro) ou se vai ser substituído por outro, com prioridades diferentes e outra visão sobre como reanimar a economia.

Se a Presidente e seu partido ainda continuarão no poder, tudo isso afeta a economia, o humor e o bolso dos consumidores (não necessariamente nessa ordem), o ânimo dos empresários e, em consequência, o nosso mercado.

Se teremos um Pacote Fiscal sério, consistente, abrangente e com efeitos a curto, médio e longo prazo, eliminando desequilíbrios,
corrigindo injustiças e atuando para valer na redução da absurda carga tributária, no controle da inflação, na estabilização do
câmbio, na diminuição das taxas de juros e no corte dos gastos desenfreados.

E se houver uma mudança de Governo, o que vai acontecer? Mesmo que venhamos a ter um novo Presidente, o que pode dar algum ânimo para os consumidores, ele e seu Ministro da Fazenda não vão conseguir fazer mágica, recuperando rapidamente a economia e fazendo a cotação do dólar voltar ao patamar dos últimos anos.

Portanto, o que podemos esperar com um misto de realismo e otimismo é que 2016 seja igual ao ano passado. O que é extremamente importante é entender que isso não significa necessariamente algo negativo.

É verdade que a inflação está de volta e vamos ter de reaprender a conviver com ela. Provavelmente o consumidor vai continuar a tendo muitos motivos para continuar arredio.

Da mesma forma, quase com certeza os segmentos de veículos novos que vão continuar com bons resultados não serão os de entrada.

Fazendo a lição de casa

Tudo isso, mesmo somado, não significa que 2016 será um ano ruim para o nosso mercado. Isso só irá acontecer se ficarmos de braços cruzados, apáticos, reclamando e lembrando dos tempos de vacas gordas e do crescimento explosivo.

Se deixarmos o medo e a insegurança nos dominarem, embotando o nosso raciocínio, desfocando a nossa visão de mercado, invertendo as nossas prioridades e paralizando as nossas empresas.

Se deixarmos de fazer a lição de casa, examinando com cuidado cada aspecto da operação das nossas empresas, identificando e corrigindo erros, investindo em melhorias, aumentando a produtividade, aproveitando oportunidades.

Se perdermos o foco, ignorando as mudanças do consumidor e do mercado que exigem ética e transparência nos negócios. Se continuarmos apostando na impunidade para quem sonega impostos e insiste em fazer disso um diferencial competitivo. Se continuarmos a achar que só equipar os cerca de dois milhões e meio de veículos 0 Km que continuarão saindo das concessionárias autorizadas neste ano será o bastante, ignorando as inúmeras oportunidades do mercado de seminovos e usados.

Se fecharmos os olhos para as múltiplas oportunidades de fornecimento de acessórios automotivos oferecidas pelo contínuo crescimento dos segmentos de SUVs e pick-ups.

Se continuarmos esquecendo de qualificar os lojistas de som e acessórios como comerciantes e empresários e de estimular os
consumidores a irem às lojas para equipar os seus veículos.

Mais do que nunca precisamos ir à luta. Temos de ser resilientes. Devemos ser ainda mais competitivos. Precisamos não só reaprender a vender e a conquistar os clientes finais mas também a fazer com que isso aconteça em toda a cadeia, da fábrica ao varejo.

Dois milhões e meio de veículos O Km é um excelente volume para se equipar. O que precisamos fazer é descobrir como vender som e acessórios para um percentual maior desses veículos novos do que vendemos até agora.

O mesmo precisa acontecer com relação aos mais de dez milhões de automóveis de passeio e veículos comerciais leves seminovos e usados que trocam de mãos a cada ano.

Em resumo, não podemos desistir nem muito menos ficar parados. Temos de fazer a nossa lição de casa. Precisamos encarar mais esta crise como uma nova oportunidade de mudança e de melhoria. Temos a obrigação de lembrar que já superamos outras crises antes, tão ou mais sérias que a atual. Vamos à luta!

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