Como o nome indica, no começo o CES – Consumer Electronics Show era uma feira dedicada a produtos eletrônicos destinados ao consumidor final, como televisões, equipamentos de vídeo e som domésticos, computadores, tablets, games, telefones celulares e para linhas fixas, eletrodomésticos e assim por diante.
Como principal feira com esse foco nos Estados Unidos, maior mercado de consumo do mundo, em pouco tempo o CES se transformou no maior evento desse setor em todo o mundo, atraindo a Las Vegas não só milhares de compradores de redes de varejo e atacado como executivos e jornalistas.
A quantidade e a qualificação dos jornalistas e formadores de opinião do mundo inteiro que visitam a feira a tornaram uma importantíssima vitrine para lançamentos de produtos, principalmente os mais inovadores e relacionados à tecnologia.
A justificativa para isso é bastante simples: nos salões de automóveis a concorrência é grande e as atenções estão focadas muito mais em lançamentos e em estilo, além de direcionadas a vendas.
O CES oferece um público extremamente qualificado de jornalistas e formadores de opinião, além de muito menos concorrência e a imagem de ser um espaço no qual tudo o que há de mais moderno e avançado está presente.
Depois de tímidas experiências no princípio, hoje as maiores montadoras de automóveis adotaram o CES como parte integrante do seu calendário de atividades promocionais para apresentarem as suas novidades em tecnologia e as suas pesquisas.
A feira reúne hoje um grande número de importantes montadoras, tais como Audi, BMW, Chrysler, Ford, General Motors, Hyundai, Jaguar-Land Rover, Mercedes-Benz, MINI, Porsche, Tesla, Toyota e Volkswagen, além de seus fornecedores e empresas de equipamentos de som e acessórios automotivos, mostrando os seus últimos avanços em tecnologia.
O volume é tão grande que muitos visitantes e jornalistas chegam a brincar dizendo que a CES deveria significar “Car Electronics Show”, tal o volume de stands relacionados a veículos e seus componentes e acessórios.
Afinal, o diretório do Consumer Electronics Show deste ano listava nada menos que 406 expositores com produtos relacionados à eletrônica automotiva e 420 expositores do segmento de equipamentos de som e acessórios automotivos.
Os maiores destaques nesses segmentos foram os carros autônomos, carros com aplicativos que permitem controle à distância, sistemas avançados de estacionamento, sistemas avançados de infotainment, som automotivo com ajustes para múltiplas zonas, faróis laser e lanternas OLED, comando de funções por gestos, automação veicular e carregamento indutivo de veículos.
Tecnologia em dose cavalar
Em resumo, os carros vão chegar com cada vez mais tecnologia embarcada. Por isso mesmo, fizeram sucesso no SEMA 2014 os chips Snapdragon da Qualcomm e Tegra X1 da NVidia, de 64 bits, nada menos que oito núcleos e especialmente desenvolvido para uso veicular. São chips mais potentes que os de muitos computadores e smartphones.
Em termos de infotainment e som automotivo, os lançamentos mais badalados do CES2015 foram os sistemas com a plataforma Android Auto, que chega para competir com a Apple CarPlay e as tecnologias Individual Sound Zones e HALOsonic, da Harman, que permitem criar zonas separadas de som para cada ocupante do carro, sem interferência ou necessidade de fones de ouvido.
Entre os gadgets, os relógios inteligentes ou conectados chegaram com força e estavam presentes em diversos stands, inclusive de montadoras, que os usaram para abrigar aplicativos que permitem ativar e controlar muitas funções de veículos à distância.
Apesar do esforço das montadoras americanas, notadamente da Ford, que lançou sua nova plataforma Sync3, agora com tecnologia Blackberry, foram as estrangeiras que chamaram mais a atenção, como no caso da Audi, da BMW, da Mercedes-Benz e da Hyundai.
Algumas extrapolaram as dezenas de novidades apresentadas nos stands oferecendo demonstrações práticas na área externa dos pavilhões. Com isso, provaram que muitas dessas novidades podem estar muito próximas das linhas de produção.
Computador sobre rodas?
A Audi foi mais longe e equipou um A7 com um sistema de condução autônoma (sem motorista), convidou jornalistas para viajarem como passageiros e fez uma viagem de dois dias e 900 km, desde Palo Alto, nas proximidades de San Francisco, até a feira, em Las Vegas.
A BMW foi uma das que mostrou muitas novidades, desde sistemas automáticos anti-colisão a um aplicativo para relógios eletrônicos que permite controlar inúmeras funções de um carro, inclusive estacioná-lo e fazer que ele procure o motorista no estacionamento.
Controle de funções por gestos, carregamento indutivo (sem fios) de veículos elétricos e iluminação veicular com painéis orgânicos OLED foram outros destaques no seu stand.
A Hyundai chamou a atenção com o seu Blue Link, baseado na plataforma Android Auto, que integra toda uma série de funções do veículo, inclusive partida, alarme, travas, faróis, buzina e GPS, permitindo que possam ser ativados (ou desativados) a partir de um relógio inteligente.
Outra novidade da montadora coreana é o Display Audio, um sistema de infotainment que não usa players ou GPS, mas só o smartphone do usuário, que é integrado ao carro e permite reproduzir músicas, fazer chamadas, mandar mensagens e usar aplicativos de navegação usando o display multimídia ou comandos de voz.
A Mercedes-Benz apresentou um concept car futurista, o F 015, que propõe um carro autônomo futurista que usa e abusa de novas idéias e tecnologias. Como o motorista não precisa dirigir, os assentos dianteiros giram 180 graus, criando um verdadeiro lounge sobre rodas.
Já a Volkswagen, além de dois concepts baseados no Golf que incorporavam diversas funções ativadas por gestos, apresentou duas opções de sistemas de infotainment que serão oferecidas em seus carros ainda este ano: a sua MIB II e a MirrorLink, que integra as plataformas Apple CarPlay e Android Auto e ainda permite que os aplicativos do smartphone sejam exibidos na tela multimídia com o mesmo layout que o usuário está acostumado no seu smartphone.
A Jaguar-Land Rover exibiu o Driver Monitor System, desenvolvido em parceria com a Intel e a Seeing Machines, que identifica sinais de cansaço e distração nos olhos e rosto do motorista, mesmo que ele esteja usando óculos de sol e reage, enviando alertas e preparando medidas corretivas que podem ir até ativar os freios do veículo por conta própria.