Ao longo das inúmeras análises publicadas nas edições da AutoMOTIVO, temos procurado mostrar que ainda há muito espaço para crescer, tanto para a indústria automotiva como um todo, quanto especificamente para o mercado de equipamentos de som e acessórios automotivos.
Em diversas dessas matérias, destacamos indicadores que mostram os mais diversos aspectos do mercado automotivo brasileiro que ajudam a chegar a essa conclusão. Pode ser que à primeira vista pareça ser um trabalho simples, mas fazer análises como essas não é exatamente fácil.
Algumas das fontes que precisamos usar para obter dados que fundamentem as matérias não facilitam nada a tarefa. Para começar, indicadores importantes, como a população, por exemplo, estão desatualizados. O último relatório oficial do IBGE data de 2010. De lá para cá, só uma estimativa aproximada.
Depois, há as diferenças de nomenclatura. O DENATRAN – Departamento Nacional de Trânsito – classifica os veículos em 26 tipos diferentes, fora outras 18 aplicações. Para o órgão, caminhonete é diferente de camioneta e de utilitários.
Para complicar, suas estatísticas ainda incluem carroças (de passageiros e de carga) e bicicletas (de carga e de passageiros), sem falar em reboques, semi-reboques e por aí vai. As cerejas do bolo são uma coluna só para os bondes e outra para “outros”…
Além disso, como se sabe, nem todo carro abandonado na rua, vendido para ferro velho, acidentado, largado no fundo de oficinas e quintais, levado para países fronteiriços ou simplesmente desmanchado pelas quadrilhas especializadas, é contabilizado e baixado do sistema. Então, esses números são confiáveis, mas não são exatos. Deu para entender?
Enquanto isso, os dados divulgados pelas entidades do setor automotivo, a ANFAVEA e a FENABRAVE, são exatos e confiáveis, mas não usam a mesma classificação do DENATRAN.
E cada uma tem um foco: a ANFAVEA, como entidade das montadoras, foca seus números na produção e a FENABRAVE, que representa as concessionárias autorizadas, nas vendas.
Já a estimativa de frota feita pelo SINDIPEÇAS, por sua vez, usa os dados do DENATRAN mas aplica uma fórmula para calcular o número de veículos que saem de circulação mensalmente e deduzir do resultado final. Por essa razão, temos procurado usar os números do SINDIPEÇAS.
Foco nas cidades
Vamos voltar aos indicadores de potencial de consumo, que permitem avaliar o potencial de venda de veículos e, conseqüentemente, de equipamentos de som e acessórios para equipá-los.
A lógica é: onde existem mais carros e veículos comerciais leves, devem existir mais oportunidades para o mercado de acessórios. Já vimos em edições anteriores a distribuição da frota brasileira por estados e regiões.
E quanto às cidades, como é que essa frota está distribuída? Segundo estudo divulgado recentemente pelo Observatório das Metrópoles, a maior concentração de veículos no Brasil está localizada nas regiões metropolitanas.
O Observatório, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, que integra 123 centros de excelência em pesquisa do país, se dedica ao estudo das regiões metropolitanas e elaborou um estudo, intitulado “Evolução da Frota de Automóveis e Motos no Brasil”, baseado em dados do DENATRAN no período de 2001 a 2012.
Apesar de estarem um pouco defasados, esses dados permitem uma projeção para este e os próximos anos, já que mostram tendências claras durante mais de uma década, um período relativamente extenso.
Regiões metropolitanas
Uma região metropolitana é formada por um conjunto de municípios próximos entre si e integrados sócio-economicamente a uma cidade central, que é chamada de metrópole, somando um mínimo de 800.000 habitantes.
Embora sejam identificadas 35 regiões metropolitanas no país, o estudo se concentra sobre as 15 de maior população: Brasília, Belém, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Grande Vitória, Manaus, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.
Ele aponta que no período de 2001 a 2012 a maior expansão se deu nas cidades com até cinco mil habitantes, com casos de até 143% de crescimento. No Brasil como um todo, a média foi de 119,2%.
Nos municípios que têm de 20 mil a 50 mil habitantes, o crescimento foi de 127,2% e nos que têm de 50 mil e 100 mil moradores, de 118,9%. Nos que têm entre 100 mil e 500 mil habitantes, a taxa de expansão da frota foi de 110,7% e nos com mais de 500 mil habitantes, 104,4%.
Em termos de regiões do país, a Norte foi a que teve o maior crescimento percentual no período 2001-2012, com expansão de 187,5% no número de carros e veículos comerciais leves. Em segundo lugar ficou a Nordeste, que cresceu 136,4%, seguida pela Centro-Oeste, onde a frota cresceu 132,9%.
A região Sul vem a seguir, com crescimento de 105,7% no período e a Sudeste fecha a lista, com 91,6%. Vale lembrar, porém, que apesar de ter o menor crescimento percentual, a região Sudeste concentrou mais da metade (51,5%) de todo o crescimento da frota brasileira de automóveis no período.
Metrópoles concentram o grosso da frota
Enquanto a frota nacional cresceu 119,2% de 2001 a 2012, nas 15 regiões metropolitanas consideradas ela só aumentou 90,2%, o que fez com que a sua participação no total da frota do país diminuísse. No entanto, esse percentual representou mais 11,4 milhões de automóveis, um número para lá de representativo
É nas 15 principais regiões metropolitanas que se concentram 47,9% dos automóveis (carros e veículos comerciais leves) do Brasil. Em 2012 a frota dessas regiões somava nada menos que 24.038.572 carros e veículos comerciais leves.
No período de 2011 a 2012, a região do Rio de Janeiro foi a que registrou o menor crescimento da frota de automóveis, com 73,1%. No outro extremo ficou Manaus, cuja frota cresceu 159,7%. Das quinze regiões metropolitanas analisadas, só cinco registraram crescimento abaixo de 100%: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife e Campinas.
Segundo o estudo, entre 2001 e 2012 a frota da região metropolitana de São Paulo, a mais populosa do país, ganhou mais 4 milhões de carros e veículos comerciais leves. Na do Rio de Janeiro, foram 1,4 milhões a mais e na de Belo Horizonte, mais um milhão.
Na de Curitiba, mais 832 mil. Na de Brasília, mais 722 mil e na de Campinas, mais 689 mil. Na de Porto Alegre, mais 675 mil. E na de Goiânia, mais 459 mil. A de Salvador, ganhou mais 374 mil e a de Fortaleza, mais 347 mil.
Quando se analisa apenas o período mais recente, porém, os resultados são diferentes. O estudo mostra que no período entre 2011 e 2012 foi a região metropolitana de Goiânia que registrou a maior expansão (8,3%) e Belém a menor (4,6%) entre as 15 estudadas.
A de Campinas foi a que apresentou o segundo maior crescimento no período (8,1%), seguida pela região metropolitana de Florianópolis, que empatou com a de Vitória com expansão de 7,5% nesse período.
As de São Paulo (7,4%), Fortaleza (7,3%), Belo Horizonte (7,3%), Rio de Janeiro (7,2%) e Recife (6,9%) completam a ordem das dez regiões metropolitanas com maior crescimento. Belém, Brasília e Curitiba foram as que tiveram menor crescimento.
Por Amadeu Castanho Neto
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