Oportunidade: mercado de pick-ups merece atenção

Há anos temos insistido, nas nossas análises, na necessidade e na importância de prestar atenção em segmentos e nichos do mercado automotivo. Temos, por exemplo, insistido na importância do mercado de seminovos e usados e acompanhado a (r)evolução do segmento dos SUVs.

Desta vez, vamos olhar mais de perto o segmento de pick-ups, que vem crescendo e se expandindo, na contramão do mercado. Esse desempenho chegou ao ponto da Fiat Strada ser o terceiro veículo mais vendido no Brasil no ano passado, com 153.126 unidades emplacadas, só perdendo para o Fiat Palio e o VW Gol.

Isso até poderia ser visto como uma aberração, não fosse a presença da VW Saveiro como décima-segunda no ranking dos mais vendidos, com 83.031 unidades emplacadas e da Chevrolet S10, com 50.811unidades, poucas posições abaixo, à frente de modelos como o Renault Duster e os Chevrolets Classic e Cobalt, só para citar alguns.

Se ainda não está convencido, vale lembrar que a Toyota Hilux, que em abril deste ano ultrapassou a Chevrolet S10 e foi a pick-up média mais vendida no país, vendeu quase 5.000 unidades a mais em 2014 que o seu irmão Etios Hatch.

Continuando a lista, a Chevrolet Montana vendeu mais do que o Citroen C3, a Ford Ranger está à frente do Peugeot 208, a Mitsubishi L200 emplaca mais unidades do que o Renault Clio, e a Volkswagen Amarok bate as vendas do Chevrolet Cruze Hatch.

Os três modelos mais vendidos de pick-ups no ano passado, a Fiat Strada, a Volkswagen Saveiro e a Chevrolet Montana, respondem por mais de 70% das vendas do segmento, com aproximadamente 444 mil unidades emplacadas.

Outro dado que merece atenção é que, das dez pick-ups mais vendidas, só a Nissan Frontier perdeu mercado em 2014. Todas as demais venderam mais do que no ano anterior.

Segundo a consultoria JATO Dynamics, em 2014 as pick-ups abocanharam 13,32% do mercado, gerando mais de R$ 30 bilhões em faturamento para as montadoras.

Fora da curva? Nada disso: nos últimos cinco anos o segmento tem representado sempre mais que 10% do mercado total. Foram 11,91% em 2013; 10,95% em 2012; 11,16% em 2011 e 10,48% em 2010.

Enquanto isso, numa pesquisa feita em 42 países mostra que a participação das pick-ups representou em torno de 5% a 6% dos segmentos de carros e comerciais leves nos últimos 5 anos.

Será que não é hora de você prestar mais atenção nas pick-ups, se é que já não está fazendo isso?

O mercado de pick-ups no Brasil

O levantamento da JATO Dynamics mostra dados interessantes sobre a frota de pick-ups do país. Os mais importantes para o mercado de equipamentos de som e acessórios automotivos referem- se às vendas, concentradas na região Sudeste e em municípios menores.

Quase metade da frota de pick-ups brasileira está concentrada na região Sudeste, onde estão nada menos que 45,89% dos utilitários do país. A região Sul tem a segunda maior concentração de pick-ups, com 19,76%, seguida pela Nordeste, onde estão 15,78%, pela Centro-Oeste, que tem 11,57%, e pela Norte, que fica com os 7% restantes.

No que diz respeito aos estados, São Paulo fica com mais de um quarto das pick-ups do país, com 25, 88%, seguido por Minas Gerais, onde estão 12,44% da frota. Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina vêm a seguir, com 9,04%, 5,95%, 5,15% e 4,77%, respectivamente.

Ao contrário do que ocorre em outros segmentos, a maior concentração de pick-ups está pulverizada no interior do país, longe dos grandes centros e especificamente entre os 5.000 menores municípios dos 5.569 existentes no Brasil.

A Fiat Strada predomina entre os modelos de pick-up que circulam pelo país, com 19,21% da frota do segmento, seguida pela Volkswagen Saveiro, que tem 11,51% de participação; pela Chevrolet S10, que fica com 9,37%; pela Kombi “cabrita”, que tem 7,97% e pela Chevrolet Montana, que representa 6,56%.

No que diz respeito às marcas, a liderança também fica com a Fiat, que tem uma participação de 27,37% no total da frota de pick-ups. Em segundo lugar vem a Volkswagen, com 21,37%, a Chevrolet, com 17,50%, a Ford, com 8,47% e a Toyota, com 6,72%.

No entanto, o panorama do consumo de pick-ups não é o mesmo em todo o país, variando de região para região. Enquanto na média nacional a balança pende a favor das pequenas, com 58% das vendas, contra 42% das médias, nas regiões e estados as coisas são diferentes.

No Sudeste, as pequenas têm 65% do mercado e as médias, só 35%, o menor percentual entre todas as regiões. No Sul, esse panorama se repete com pouca diferença, 64% de pequenas contra 36% de médias. No Nordeste as pequenas ainda prevalecem, só que com menor vantagem: 55% contra 45%.

Nas regiões Centro-Oeste e Norte a situação se inverte e as médias registram 56% contra 44% e 60% contra 40%, respectivamente.

Fonte: JATO Dynamics com processamento especial AutoMOTIVO

As três pick-ups mais vendidas mundo afora

Um levantamento feito pela empresa de consultoria JATO Dynamics mostra quais são as marcas e modelos de pick-ups mais vendidos em alguns dos principais mercados automotivos.

Nos Estados Unidos, maior mercado de pick-ups em todo o mundo, são os modelos grandes que dominam. Lá, quem dá as cartas é a Ford, com os modelos da sua série F, como a popular F-150, que acumularam mais de 750.000 unidades vendidas em 2014.

Logo atrás ficam a Chevrolet Silverado e a Dodge RAM, só que mais de 250.000 unidades atrás da líder, que mantém a posição há nada menos que 38 anos. Para se ter uma ideia do que representa o volume de vendas da Série F, há 33 anos ela é a campeã de emplacamentos nos EUA, inclusive quando considerados os automóveis.

A Toyota Hilux, em diversas configurações e modelos, é a que aparece como líder na maioria dos maiores mercados: Tailândia, Grã Bretanha, Argentina e Malásia.

Embora seja o terceiro maior mercado mundial para comerciais leves, as pick-ups perderam muita popularidade no Japão devido à taxação e até modelos de sucesso em outros mercados, como a Hilux, deixaram de ser produzidos. Os dois modelos mais vendidos no país são pequenos utilitários comerciais.

 

Texto: Amadeu Castanho Neto

Imagens: Divulgação