As estatísticas divulgadas pela Fenabrave podem ser uma valiosa ferramenta para ajudar você a administrar a sua loja
Quais são as tendências do mercado? Que marcas e modelos de veículos estão vendendo mais? Quais estão sendo menos procurados pelos consumidores ? Essas informações são essenciais para as revendedoras de veículos e também podem ser uma valiosa ferramenta para você administrar o seu negócio, adequando o seu estoque, as suas compras e as suas vendas.
As vendas no setor de som e acessórios estão intimamente ligadas com as de veículos. Se um modelo ou marca está vendendo mais ou menos, deve ser acompanhado com mais cuidado e, se a tendência se confirmar, pode ser que seja preciso fazer ajustes nas suas compras, aumentando ou diminuindo pedidos.
Esse acompanhamento também pode indicar a hora de colocar certos produtos em destaque na loja ou de tratar de baixar os estoques, colocando produtos para este ou aquele modelo de veículo em promoção.
Por isso, fomos procurar as estatísticas compiladas pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores- Fenabrave, entidade que reúne 51 associações de revendedores de marcas de automóveis, veículos comerciais leves, caminhões, ônibus, implementos rodoviários, máquinas agrícolas e motocicletas, representando cerca de 7,2 mil distribuidores de veículos nacionais e importados.
As estatísticas da entidade não estão baseadas em produção, mas em vendas e emplacamentos, fatores que permitem uma análise mais imediata do mercado, pois não refletem o que as fábricas faturaram para os revendedores e podem continuar nos pátios e sim o que saiu das lojas e foi emplacado. É verdade que em algumas épocas as montadoras acionam as suas revendas para aumentarem os emplacamentos, mas são distorções pontuais.
Segundo o Presidente da Fenabrave, Flávio Antonio Meneghetti, que é revendedor da Fiat em Londrina, PR, as perspectivas do mercado este ano são positivas, pois a redução da alíquota de IPI sobre os veículos nacionais zero quilômetro, conjugado a outros fatores, resultou no aumento de vendas da ordem de cerca de 5.000 unidades a mais por dia, passando de 13 mil para 15 mil veículos diários, em média.
Na visão da entidade, o resultado positivo também é reflexo de reduções de preços praticadas por fabricantes e revendedores, da redução de taxas de juros bancários e da melhoria na aprovação de crédito para financiamentos. A aprovação cadastral, que era de 35%, passou a ser de 55% dos pedidos.
De acordo com o levantamento feito pela entidade, o setor de distribuição de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motos, implementos rodoviários e outros veículos, como as carretinhas de transporte) registrou crescimento de 8,46% no mês de junho na comparação com maio (foram emplacados 493.512 unidades no mês passado contra 455.007 em maio). Na comparação entre os meses de junho do ano passado (482.850 unidades) e no mesmo período de 2012, também houve crescimento de 2,21%.
Já no acumulado do primeiro semestre de 2012, o desempenho em todo o setor apresentou queda de 3,11%. Foram emplacados, nos primeiros meses do ano, 2.663.114 veículos, contra 2.748.554 no mesmo período de 2011. “O resultado positivo se restringiu apenas aos segmentos de automóveis e comerciais leves. Os demais segmentos apresentaram queda, tanto em junho de 2012 como no acumulado”, explicou Meneghetti.
Perspectiva
Apesar do crescimento de emplacamentos de automóveis e comerciais leves em junho, a revisão do Produto Interno Bruto – PIB, admitida pelo mercado, que diminuiu de 3,5% para 2%, impactou nas perspectivas do setor. Diante da atual conjuntura da economia, a Fenabrave revisou suas projeções e espera queda de 1,47% em todo o setor para este ano.
Nos segmentos de automóveis e comerciais leves, a previsão é de que a queda nas vendas nos doze meses de 2012 em relação ao ano passado seja muito pequena, de 0,40%, totalizando 3.411.784 unidades.
Segundo Meneguetti, “sem as medidas de estímulo, certamente, as projeções seriam mais negativas. E, mesmo com esta recuperação, não podemos garantir que alcançaremos os mesmos resultados obtidos em 2011. Para se ter uma ideia, para isso, seria necessário crescer 10% linearmente, todos os meses do segundo semestre”.
O setor de caminhões deverá contabilizar 160.702 mil unidades, com retração de 6,93%, enquanto o segmento de ônibus deverá crescer 16,87% – estimando vender 40.611 mil unidades. Alarico Assumpção Júnior, presidente executivo da Fenabrave acredita que “com os incentivos do Pró caminhoneiro e PSI e com a normalização do abastecimento de combustível para o EURO5, há tendência de recuperação para este setor que, no entanto, depende, diretamente, do crescimento econômico. Assim, o que falta agora é frete”.
Para ele, a situação do segmento de motos é diferente, e continua baseada no crédito. Segundo as novas projeções da Fenabrave o setor de duas rodas deve encerrar 2012 com queda de 3,2%, com 1.878.520 unidades comercializadas. A projeção anterior para o segmento era de crescimento de 3,1%. “Para este setor, o problema continua sendo a falta de crédito. Atualmente, apenas 17% das fichas cadastrais são aprovadas neste segmento”.
Endividamento preocupa
O endividamento das famílias ainda é um fator preocupante para o resultado de todo o setor este ano. Segundo dados divulgados pela empresa MB Associados, as Classes D e E usam 88% de sua renda para seus gastos fixos e, como a maioria compromete mais de 30% da renda na parcela de um carro, a situação leva à inadimplência do setor que, em maio, chegou a 6,1%. Meneguetti, porém, acredita que isso pode mudar. Segundo ele, “um fato novo e positivo é que a curva da inadimplência já sinalizou uma reversão em junho, que deverá se acentuar a partir de julho”.
Em resumo
Automóveis e Comerciais Leves: O volume de vendas de automóveis e comerciais leves somou 340.706 unidades em junho. Esses segmentos mostram um crescimento de 24,18% em comparados aos 274.368 veículos comercializados em maio. Na comparação com junho/2011 (286.912 unidades), o desempenho também foi positivo, com crescimento de 18,75%.
Demais segmentos
Caminhões e ônibus apresentaram vendas conjuntas 4,64% menores no comparativo entre maio e junho, e retração de 28,22% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já as motos venderam 17,29% menos em junho em comparação com o mês anterior. Foram emplacadas 123.966 unidades contra 149.885 motos, respectivamente. Em relação a junho de 2011, a retração de vendas foi de 23,38%.
Análise
Embora montadoras, importadoras e revendedores não vejam a situação como positiva, para o nosso mercado as notícias não chegam a ser ruins. Só não são tão boas quanto poderiam ser. Afinal, foram emplacados mais de dois milhões e seiscentos mil veículos novos nos últimos seis meses. Embora mais equipados de fábrica do que há alguns anos, na maioria absoluta eles representam oportunidades reais de negócios.
Mesmo os importados mais completos e sofisticados acabam sendo personalizados, recebendo um reforço no som ou tendo as rodas trocadas. E, embora esses modelos de topo de linha acabem chamando mais atenção, o grosso do nosso mercado é de veículos pequenos e médios, com amplas oportunidades de personalização e inclusão de equipamentos.
A lista dos cinquenta automóveis mais emplacados no Brasil em junho mostra isso claramente: entre o Gol, primeiro da lista com 27.275 unidades e o Polo, quase empatado com o Clio na lanterna dos cinquenta que mais sairam das revendas (906 e 909 unidades, respectivamente), não há um só veículo superequipado.
Quando se observa o ranking dos “comerciais leves”, que inclui SUVs e pick-ups, a constatação é a mesma: há muitas oportunidades para vender e instalar acessórios e sonorização.
É preciso entender que o “choro” faz parte do jogo de montadoras e importadoras para tentar segurar o apetite arrecadador de impostos do governo (que o nosso mercado já conhece muito bem…). E que, mesmo em números aparentemente ruins ou neutros, existem muitas oportunidades para o nosso mercado aproveitar.
Por: Amadeu Castanho Neto
Imagens: Divulgação e Equipe AutoMOTIVO