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Não dá para discutir: as Ferraris são uma raça à parte e ponto final. Não é só questão do ronco do motor, do design refinado, da mecânica de ponta, das poucas concessões ao conforto. Isso tudo, em graus semelhantes ou menores, outros esportivos – italianos ou não – também têm.
Alguns são até mais avançados em itens como o uso de composites e de computação de bordo, outros impressionam com suas portas tipo “asa de gaivota”. Mas nenhum tem a tradição e o mito de uma Ferrari, sem falar no exclusivo brasão amarelo com o “cavallino rampante” negro.
Por isso tudo, quando a Ferrari batiza um carro de Speciale (Especial), o mundo dos fanáticos por automóveis esportivos se arrepia todo, pois sabe que é sinal de coisa boa. O palco escolhido para o lançamento foi o concorrido Salão de Frankfurt, na segunda semana de setembro. Lá, mesmo com a concorrência de mais de 150 lançamentos e dezenas de concepts, a Ferrari 458 Speciale não decepcionou a torcida e foi uma as estrelas da feira.
Uma Ferrari envenenada
De acordo com a Ferrari, a Speciale foi baseada na mítica 458 Berlinetta, e “se propõe a potencializar a performance e a emoção ao dirigir (ou seria pilotar?) a níveis sem precedentes, enquanto garante controle suave e sem esforço em todos os tipos de situação”. Trocando em miúdos, uma 458 envenenada ao alcance de quem tem um talão de cheques bem parrudo sem precisar ter as habilidades de um piloto de Fórmula 1.
“Como assim envenenada?”, você pode perguntar. Nada de colocar turbo ou outras práticas mais corriqueiras: os engenheiros da Ferrari simplesmente pegaram o motor, que para a maioria dos mortais seria uma obra de arte, e revisaram cada componente, aplicando todo o “know-how” adquirido nas pistas da Fórmula 1.
Com isso, criaram o motor V8 aspirado mais potente já produzido pela marca. São 597 hp a 9.000 rpm (contra 562 do original), com um impressionante torque de nada menos que 55,06 kgfm a 6.000 rpm e levam a Speciale de 0 a 100 km/h em menos de 3 segundos, quatro décimos que a 458 original.
O foco principal dos refinamentos foi otimizar a eficiência mecânica, volumétrica e de combustão. A receita incluiu o desenvolvimento de novos pistões, comandos de válvulas e virabrequim, além de novos coletores de admissão e exaustão, entre outros componentes.
A taxa de compressão passou para impressionantes 14:1, valor que a Ferrari diz que é o mais alto já usado em um motor V8 aspirado. Com tudo isso, os engenheiros conseguiram aliviar 8 kg. do peso do motor. A “dieta” da Speciale não se limitou ao motor e incluiu o emprego em larga escala de fibra de carbono, novas rodas de liga leve e muito mais. Com isso, o peso total caiu de 1.380 para 1.290 kg.
O Centro de Estilo da Ferrari trabalhou em sintonia com o Estúdio Pininfarina para otimizar a aerodinâmica e dar ao modelo um design ainda mais bonito. Novos elementos móveis foram desenvolvidos na dianteira e na traseira para reduzir o arrasto aerodinâmico e incrementar a “downforce”. O trabalho resultou no que a fábrica garante ser o veículo de série com melhor eficiência aerodinâmica que já produziu.
A Speciale introduz equipamentos que no futuro devem ser incorporados ao resto da linha produzida na fábrica de Maranello, como o Side Slip angle Control system (SSC), que otimiza o gerenciamento de torque através do controle de tração F1-Trac e da distribuição de todo o torque para as rodas traseiras através do diferencial eletrônico E-Diff. Com isso foi possível atingir nada menos que 1.33g de aceleração lateral e diminuir em 1,5 segundo o tempo da volta da 458 Berlinetta em Fiorano, a pista de testes da Ferrari.
As melhorias avançam pelo sistema de freios, novos pneus Michelin Pilot Sport Cup2 desenvolvidos, sob-medida, novas rodas, suspensão recalibrada e com nova CPU, interior redesenhado e muito mais. Não tem como negar, essa é mesmo uma Ferrari especial. Portanto, se o seu sonho é ter uma Ferrari na garagem, ele acaba de ganhar um “upgrade”.
