Locadoras, um mercado que vale a pena conhecer melhor.

Embora ainda pouco conhecido por muitos, o mercado de locadoras de veículos merece ser observado com atenção, pois é um grande consumidor de equipamentos de som, acessórios automotivos e possui grande potencial de crescimento.

 As locadoras, que no ano passado absorveram mais de 285 mil veículos zero quilômetro, talvez sejam um dos melhores clientes para o nosso setor, senão o melhor, pois dificilmente um carro é agregado às suas frotas sem receber ao menos um equipamento não instalado pela fábrica. “Na maior parte dos casos, o acessório mais instalado é de som, pois raramente as montadoras oferecem o carro equipado com radio-cd player e alto-falantes”, explica João Claudio Bourg, Presidente Executivo da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis – ABLA, entidade que representa o setor.

“Muitas vezes, esse pacote inclui itens pouco procurados, como acionadores de vidros elétricos para as janelas traseiras e, com isso, as locadoras deixam de comprar o pacote das fábricas e equipam os seus carros por conta própria, só com os equipamentos que lhes interessam”, complementa Eládio Paniagua Jr., Diretor Regional da ABLA para o Estado de São Paulo e um dos sócios da empresa paulista Point Rent a Car.

 Segundo ele, além do som, outros produtos muito comprados pela maioria das mais de duas mil locadoras do país são os cada vez mais presentes: GPS, película para vidros e cadeiras de bebê. No entanto, a lista pode ser muito mais extensa. Em locadoras, como a multinacional Hertz Rent a Car, as políticas relativas a acessórios são globais e, por isso mesmo, um pouco diferente das praticadas por outras locadoras. A empresa desenvolve internamente padrões que aplica à frota de todas as lojas, globalmente. Os seus veículos já são comprados equipados com o radio-cd player original de fábrica e só usam equipamentos de determinados fornecedores, que chegam a customizar soluções para a empresa.

Os aparelhos GPS, por exemplo, são da marca Garmin, como explica John Salagaj, diretor de marketing da empresa.

O consumidor está mudando

“De três anos para cá, o consumidor está ficando cada vez mais exigente e, hoje, dificilmente aceita um carro que não tenha ar condicionado e direção hidráulica, mesmo quando está alugando um veículo 1.0”, explica Eládio Paniagua. “Hoje, esse tipo de veículo básico de conforto já tende a ser a nossa categoria de entrada, pois a procura por veículos realmente básicos está se extinguindo”, complementa ele, mostrando que a tendência de procura de carros mais equipados já está fazendo parte do perfil dos consumidores em todo o país.

Uma frota para cada público

Ele ensina que as locadoras têm dois tipos de frota: a destinada para locação avulsa de curto prazo, chamada pelo setor de “rent a car”, e a frota para terceirização. O primeiro tipo costuma receber apenas esses equipamentos mais corriqueiros, embora em alguns casos também possam receber outros, como alarmes, acionadores de vidros elétricos e películas para vidros, dependendo do veículo e dos equipamentos oferecidos de série pela montadora.

Já os veículos usados para terceirização de frotas, modalidade na qual os contratos têm duração mínima de doze meses, normalmente são comprados e equipados de acordo com as necessidades e exigências de cada cliente, como lembra a compradora Janine Alfaro, da Unidas Rent a Car.

Ela explica que, nesse caso, a lista de equipamentos pode ser bastante extensa e variada, incluindo ítens de uso mais específico, como quebra-matos, santo-antonio, porta-escadas, estribos, faróis auxiliares, entre outros, além de serviços como adesivação, aplicação de películas para vidros e envelopamento.

Enquanto no segmento de “rent a car” os clientes são normalmente funcionários de empresas viajando a trabalho ou pessoas em viagens de lazer, no de terceirização de frotas os clientes são empresas públicas, privadas e órgãos públicos, que fazem concorrências especificando que equipamentos desejam nos veículos, entre outras coisas.

Embora as locações avulsas sejam a face mais visível e conhecida desse setor, é a terceirização de frotas que responde pelo grosso dos negócios, somando 57 do total, enquanto o turismo corporativo absorve 24% e o turismo de lazer, 19%.

Compras 

Segundo as fontes consultadas, a compra de equipamentos de som e acessórios é feita pelo departamento de compras das locadoras junto a distribuidores, representantes e, em sua maioria, através de licitações eletrônicas ou de tomadas de preços, conforme o volume de compras. Já a instalação dos produtos, na maioria absoluta das vezes, é feita em oficinas próprias ou em varejistas especializados.

Frota 

A frota das locadoras somava 489.548 veículos no final de dezembro de 2012, total de 9,89% superior ao registrado em 2011.
As previsões são de que neste ano ela deve voltar a crescer. Segundo a ABLA, a idade média dessa frota é de 18 meses, ligeiramente superior à registrada em anos anteriores em função dos preços menos atrativos praticados no mercado de veículos usados.

Desse quase meio milhão de veículos, a maioria absoluta é de veículos 1.0 (53% da frota das locadoras), vindo a seguir os com motores acima de 1.0 (18%), as vans e utilitários (17%), os de luxo (10%) e os premium (4%). A exemplo do que acontece no mercado automotivo nacional como um todo, os veículos da Fiat lideram a frota das locadoras, mas numa proporção bem maior, 31,08% contra 23,06%, considerando automóveis e veículos comerciais leves. Volkswagen, General Motors, Ford e Renault são as outras empresas com maior participação na frota de locação.

Renovação 

A renovação da frota das locadoras de veículos absorve nada menos do que 7,85% das vendas das montadoras, o que equivale a dizer que no ano passado as empresas do setor compraram 285.302 dos 3.634.421 automóveis e veículos comerciais novos produzidos no país.

Um volume bastante considerável.

Por: Amadeu Castanho Neto
Equipe: Revista AutoMOTIVO